Perfil
Nome: Princesinha
Idade: 25 anos
Moro em: São Paulo
Minha História: Sofri abuso sexual na infância. Durante 14 anos preferi acreditar que esse
episódio isolado na minha vida não tinha me afetado em nada, mas isso mudou
no final do ano passado, quando me permiti ser levada por Deus a lugares
onde ninguém antes havia penetrado, nem eu mesma. Essa tem sido a melhor e
mais difÃcil época da minha vida, por isso quero compartilhar minha
história com vocês, a forma como tenho aprendido a lidar com os sentimentos
confusos que ficam dentro da gente que sofreu esse tipo de agressão.
TUDO O QUE ESTÃ ESCRITO NESSE BLOG Ã PARTE DE UM DIÃRIO QUE COMECEI A FAZER EM AGOSTO DE
2004, SEM NEM IMAGINAR QUE UM DIA IRIA PUBLICÃ-LO. ALGUMAS COISAS MUDARAM, ESTOU MELHOR,
E POR ISSO DECIDI COMPARTILHAR TUDO O QUE APRENDI NESSE TEMPO QUE TENHO LIDO, PENSADO E
CONVERSADO SOBRE O ABUSO SEXUAL. SE VOCÃ DESEJAR AJUDA, ENTRE EM CONTATO.
Contato: guerreiravencedora@hotmail.com (e-mail e MSN)
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sexta-feira, 29 de julho de 2005 Olá!!! Sei que estou em falta com vocês, meus queridos amigos e leitores do meu blog. Essas duas últimas semanas não estava em condições de postar nada, várias coisas aconteceram comigo... sabem como é né, a gente que sofreu com abuso sexual as vezes ainda enfrenta umas crises com as consequências dele, e mesmo eu já estando bem melhor as vezes tenho umas recaídas. Mas não vejo isso como ruim não, porque as crises nos fazem crescer. Em breve eu escrevo aqui sobre as coisas que aprendi esses últimos dias, junto com o monte de outras coisas que ainda tenho q escrever pra vcs. Hoje eu estou fazendo esse post especialmente pra dizer que recebi um e-mail de uma pessoa da imprensa que está fazendo uma reportagem sobre abuso sexual na infância. Como vocês sabem, eu ainda não posso mostrar minha identidade, apesar de querer muito... mas se alguém de vocês tiver interesse em ser entrevistado, entre em contato comigo q eu te indico pra pessoa que está cuidando da reportagem. Vejam qual o foco, e se alguém desejar participar é só me avisar ok? O foco de nossa matéria é nas histórias de pessoas adultas, vítimas na infância, e que conseguiram superar o trauma. Nossa intenção é mostrar uma luz no fim do túnel para vítimas que estão sofrendo caladas, sem esperanças de ter uma vida equilibrada e longe da depressão. Queremos levar um alento e despertar o desejo de superar a dor. Preciso encontrar pessoas em outras regiões e estados (fora SP), que aceitem não só falar, mas mostrar o rosto, numa atitude bastante corajosa, mas condizente com quem de fato virou a página e deseja ajudar outras vítimas. Por hoje acho que é isso. Continuem comentando, é muito bom saber o que vocês acham do meu blog, o que vocês acham da minha vida... estou amando conhecer todos vocês!!! ¤ Por:
¤ quinta-feira, dezembro 07, 2006 ¤
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Sexta-Feira, 17/09/2004 Agora vou entrar numa parte do livro que trata dos danos específicos em cada área, e como pode acontecer a cura em cada uma delas. Pra começar, quero descrever a percepção que tive do meu corpo. Lembro que com 9 ou 10 anos as pessoas começaram a notar meus seios crescendo e falavam pra usar soutien, essas coisas. Nessa mesma época é que meus seios foram tocados de forma indevida. O resultado disso foi uma imensa vergonha dos meus seios. Só usava camiseta, quanto mais largas melhor para escondê-los. Na verdade acabava escondendo todo o meu corpo. Talvez porque eu tivesse a imagem de que se eu o escondesse as pessoas não veriam meu corpo de mulher e, não vendo, não o desejariam. Uma proteção para que meus seios nunca mais fossem tocados. Infelizmente eu acabei conseguindo. Durante toda a minha adolescência os garotos não olhavam pra mim. Eu não me arrumava, não tinha nenhuma vaidade e detestava me olhar no espelho... "O abuso sexual danifica o corpo e a maneira como você pensa nele. Viver em um corpo que suscita recordações que você gostaria de esquecer é sentir-se horrivelmente capturado. Acontece que o seu corpo é permanente. Seu corpo lhe dá uma sensação de espaço. O abuso impede que as crianças aprendam os limites, nem que podem dizer não. Você é proprietário de seu corpo. Ao ter seu espaço invadido a criança desenvolverá uma atitude de persistência que lhe ensina a encontrar um caminho para sobreviver ao que acontece. É difícil cuidar de um corpo do qual você se sente tão desconectado." "Tendemos a ter sentimento de vergonha quando fazemos algo desonroso ou quando algo desonroso foi cometido contra nós. Quando sentimos vergonha queremos nos esconder. Como você se esconde de seu próprio corpo?" Acho que eu me escondi de meu dorpo de duas formas: usando roupas que o escondiam, evitando o espelho... e simplesmente não me importando com a aparência dele. Estava engordando mas não fazia nada para controlar isso, afinal, o corpo era o de menos, e me consolava dizendo que quem gostar de mim tem que ser pelo que eu sou, não pelo exterior! "Talvez você tenha crescido carente de afago, e a única vez em que você o experimentou foi durante o abuso. Você ansiava pelo contato físico e se sente traído por esse desejo" Existe um desejo profundo no meu ser de obter contato físico com as pessoas, de receber carinho... imagino que tb deveria ser assim quando eu era criança. Não tenho lembranças de estar no colo de alguém recebendo cafuné, afago... será que as pessoas em geral se lembram dessas coisas? Não que eu tenha sido agredida, e tal... a impresão que eu tenho é que eu era ignorada quando criança... Por muito tempo eu acreditei que meu corpo é "lixo inútil", sem valor algum. No auge da crise no ano passado eu acabei com ele, comi muito e muito mal, engordei muito... olhar no espelho era torturante, me fazia lembrar de quão acabada eu estava. Entendo que a cura começou nessa área no ano passado, mesmo antes de ohar essas coisas através do abuso. Foi uma decisão profunda a de emagrecer. Precisei olhar para o meu corpo, ver que estava acabado e decidir mudar. Algumas pessoas disseram que eu fiquei diferente depois de emagrecer, mais alegre, mais solta... acho que deve ser isso mesmo, pois me sinto bem melhor qdo estou bonita!!! Em resumo, creio que estou aprendendo a conviver com o meu corpo. É verdade que ainda não gosto dos meus seios. Mas pelo menos agora eu não tento escondê-los, e até os acho bonitos qdo coloco uma blusa mais justa. Eu precisava me reconectar ao meu corpo, e agora sinto que meu corpo tem sido expressão verdadeira da minha pessoa. O fato de eu ter emagrecido já fez com que eu me reconectasse. Mesmo tendo melhorado eu percebo que em dias que estou meio tristinha eu não me arrumo muito. É um ciclo: eu sinto, dói... e eu me visto mal. O que preciso fazer para quebrar isso é agir de forma contrária. Vou tentar. Quando eu sentir alguma coisa que venha a me trazer dor, ao invés de não me arrumar vou sair de casa ainda mais linda, arrumada, maquiada... e assim quebro esse mecanismo de defesa autodestrutivo. ¤ Por:
¤ quinta-feira, dezembro 07, 2006 ¤
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Quinta-Feira, 16/09/2004, 00h40 "Famílias em que acontece o abuso são confusas sobre os papéis dos indivíduos. Espera-se que as crianças satisfaçam a necessidade dos pais ao invés do contrário. Os filhos assumem o cuidado com os pais." => Percebo claramente como isso é presente na minha família. Papéis de homem x mulher totalmente distorcidos pela sequencia de divórcios na família. O que mais me machuca é a inversão de papéis de mãe e filha. Isso eu creio que teve início muito cedo, eu me sentia (e sinto ainda) responsável pelo bem estar emocional da minha mãe. Com 3 anos eles me perguntaram com quem eu queria morar e não pensei em mim na hora de responder. Fiquei analisando qual deles sofreria mais com a minha ausência. Não sei exatamente como, mas fica claro que a mensagem passada pra mim era de que eu era responsável por eles. Esse é o motivo de várias das minhas crises. Ainda hj me sinto responsável por meus pais. Se saio de casa fico pensando que minha mãe vai sofrer por estar sozinha. Pelo meu pai eu sinto uma certa culpa por nunca ter conseguido dizer que o amo. Eu parecia não me importar, mas na verdade me sentia responsável (e culpada) pelo sofrimento dele por causa da minha ausência. Aliás, com a minha mãe tb é assim, eu me sinto responsável por ela mas não demonstro. "Famílias em que ocorre o abuso emitem mensagens destrutivas: não pense, não fale, não sinta. Essas crianças são carentes e desesperadas por atenção. Aprenderam como entorpecer os sentimentos e continuar como se nada terrível estivesse acontecendo." => Essas mensagens creio que foram passadas para mim de forma subjetiva; por atos, e não por regras declaradas. Minha mãe não falava comigo das coisas difíceis pelas quais estávamos passando, não me ensinava a pensar, a sentir. Ela deveria ter me estimulado a falar sobre a saudade que tinha do meu pai, mas ela nunca me perguntou como eu me sentia. Aprendi a continuar a vida como se nada tivesse acontecendo. ¤ Por:
¤ quinta-feira, dezembro 07, 2006 ¤
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"O abuso na infância é especialmente traumático porque as crianças aprendem de adultos que lhes contem a verdade sobre as coisas da vida: nomear objetos, e tb coisas mintangíveis como bom, ruim, certo, errado, amor, etc. Com os adultos provedores de cuidado as crianças aprendem a como se conduzir nos relacionamentos. Também aprendem com eles sobre seu corpo e sua identidade sexual" "Agora imagine o que acontece a uma pequena menina que nunca foi tocada exceto qdo era sexualmente violentada?" "Da mesma forma dependem de adultos para ensiná-las sobre competência, autoconfiança, criatividade e iniciativa. Mas o que acontece qdo seres humanos pequenos, imaturos e não muito seguros de si são ignorados, injuriados e esmagados?" => Quero agora considerar a minha família em relação a tudo aquilo que aprendi, quais foram as mensagens enviadas (mesmo que subjetivamente) e considerar se aquilo que foi ensinado é de fato verdade ou não. Enquanto não declarar o que sei não posso descobrir o que é mentira e o que é verdade. "Enquanto essas mentiras permanencerem ocultas, elas exercerão uma poderosa influência sobre sua vida". *paizinho querido, apenas pelo que eu li até agora já sei que essa parte vai ser bem difícil. São tantas coisas que aprendi errado na família, tantas situações que causaram dor... mas mesmo assim eu venho pedir que o Senhor exponha a verdade sobre o que aprendi sobre a vida. Traga à minha memória situações traumáticas que têm influência sobre a minha vida para que elas não tenham mais poder sobre mim. Amém!!! ¤ Por:
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COMO VC SE SENTE CONSIGO MESMO? No momento em que falei eu me senti péssima. Era muita, muita vergonha. Vergonha acho que por ter estado tão vulnerável e m pemitir estar ferida ainda depois de tanto tempo. Em compensação, depois eu me senti livre. Como se tivesse sido arrancado um peso da minha alma, como se os mutos estivessem começando a cair. Me senti vitoriosa por ter conseguido vencer a vergonha e contar COMO VC SE SENTE EM RELAÇÃO AO ABUSADOR? Não sei como me sinto com relação a eles... não é ódio... talvez uma certa mágoa e até raiva pela covardia e insensatez... mas acho que a indiferença é que mais caracteriza o que sinto. Não tenho a menor vontade de tirar satisfação, denunciar, "acabar" com ele por causa do que fez (embora acho q merecia isso). Também não tenho a menor vontade de perdoar, de voltar a ter um relacionamento próximo. Continuo o cumprimentando por obrigação qdo por obrigação qdo encontro. Imagino que ainda vou me sentir mal com seu abraço, mas não posso ter certeza até que a gente se encontre nomente. Mas tb não tenho vontade de encontrá-lo. Sinceramente, acho que prefiro continuar agindo como se ele não existisse, como uma figura do meu passado apenas. O QUE VC TEME QUE ACONTECERÁ COM VC? Tenho medo de ser exposta. Medo que a cura que Deus quer ministrar seja muito dolorosa. Tenho medo do momento em que vou ter que conversar e pedir perdão pro meu pai e pra minha mãe... vou ter que me expor, falar de sentimentos profundos que eu não quero que sejam conhecidos. Eu sei que esse é o certo a ser feito, mas eu não quero, tenho muito medo disso. Eu vou ficar exposta diante deles, fragilizada. Terei que me desfazer da máscara de fortaleza e segurança. Eu tremo de medo só de pensar nisso acontecendo!!! ¤ Por:
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O ABUSO PREJUDICOU SEU PENSAMENTO
"Se vc sofreu abuso sexual, seu pensamento foi deturpado. O trabalho de discernir a verdade das mentiras é um grande desafio"
"Eu tirava conclusões sobre outros e mim mesmo baseadas em pensamentos e sentimentos que não estavam atrelados a nada na atualidade."
"O trauma abala o que acreditávamos que fosse verdade sobre nosso mundo. As idéias a que nos apegamos (de que o mundo é um lugar bom e seguro, que a violência jamais nos atingirá) são destruídas."
=> pra variar, tenho que dizer... Deus é mesmo criativo. Toda essa crise bem antes de eu começar esse capítulo que vai me ensinar com as mentiras colocadas em minha mente.
=> a conclusão de que "ninguém se importa" não tem ligação com a atualidade, já que estou sempre com amigos, conversando, tal... mas mesmo assim o sentimento existe.
"Duplicidade de Pensamento:Usada para conviver com realidades duras; mantemos em nossa mente dois pensamentos contraditórios simultâneos."
=> Minha mãe não se importa com o que eu sinto, mas tb ela era muito nova qdo se separou, é tudo muito difícil pra ela. Não sei se tenho outro tipo de duplicidade de pensamento.
"Dissociação:Ajuda um sobrevivente a se afastar física ou emocionalmente do abuso. Você pode se dissociar das sensações em seu corpo, de suas emoções ou da realidade do que está acontecendo."
"O que é uma ajuda qdo criança pode ser muito perigoso qdo adulto. Estar dissociado leva o sobrevivente a não notar tudo o que acontece ao seu redor. Isso torna muito mais fácil que seja magoado. Ao se distanciar do que está ocorrendo em seu redor, tende a ignorar os sinais de advertência do perigo."
"Você se desloca? Quando isso acontece? Como isso é ativado?"
=> Eu me desloco, ou "abstraio" em várias situações. Qdo me vejo diante de uma situação que exige que eu exponha meus sentimentos eu me desloco e não sinto aquilo que deveria sentir para poder expressar. No meio de uma "discussão" do ministério, qdo o pessoal começa a falar o que sente, eu simplesmente não sinto nada, fico confusa. Qdo estou falando com alguém sobre o que sinto tenho a tendência de banalizar, falar como se não fosse comigo.
"Lembranças: A mera lembrança não traz cura, e não provocará mudança. A verdade é mais importante do que as recordações. Viver a vida basseado em mentiras ensinadas pelos eventos relembrados é destrutivo. Substituir as mentiras pela verdade e escolher novos modos de responder à vida é o que trará liberdade e mudança."
=> Como eu faço isso, de substituir as mentiras pela verdade. Teoricamente é fácil... mas como posso deixar de acreditar na mentira de que ninguém se importa comigo?
"Mentiras e Verdade: Uma das principais tarefas para curar o pensamento danificado é identificar as mentiras e substitui-las por verdades."
=> Ninguém se importa comigo; intimidade sempre resultará em ferida, de maneira que jamais deixarei alguém chegar perto de mim; construí um uro que ninguém, nem mesmo Deus, pode atravessar; se as pessoas soubessem quem eu sou de verdade não iam querer se relacionar comigo, ou o fariam apenas por piedade; se as pessoas souberem o quanto eu sou insegura não vão confiar em mim.
"Uma tremenda energia é consumida para preservar a mentira que vc sustenta. Essa energia nunca é liberada para outros propósitos. A mentira de que vc tem que executar um papel para ser amado significa que vc nunca pode parar. E assim por diante. É uma prisão. Vc não foi feito para viver desse modo."
=> A mentira de que ninguém se importa comigo e a de que intimidade sempre resultará em ferida faz com que eu prefira não me importar com as pessoas nem permitir muita intimidade. A energia consumida nesse caso é grande pq, como eu não fui criada pra viver assim, minha alma anseia pelo contato, pela intimidade, por ter alguém que se importe comigo.
"A cura não virá pela preservação dessas mentiras. Embora olhar para a verdade seja uma das coisas mais aterradoras que vc pode fazer, isso o libertará."
Muito tempo sem escrever, aconteceu muita coisa, eu senti muita coisa ruim esses dias... mas eu não posso, não quero e não vou desistir de ser curada. Então eu vou tentar contar um pouco do que senti esses dias e ainda estou sentindo.
Depois da conversa com a Sandra na quinta-feira eu fiquei muito mal pq uma amiga me deixou um tempão esperando a carona que ela ia dar. Sabe, foi me batendo um sentimento de solidão muito grande, vontade de chorar... um sentimento de que ninguém se importa. Não importa o quanto eu me esforce, as pessoas não se importam comigo, e o negócio é cuidar da vida sozinha e não esperar muito de ninguém. Sei que isso é uma das mentiras que foram impressas em mim pelos acontecimentos da infância, mas o que eu posso fazer, esse é o sentimento que eu tenho, preciso admitir. Sei que na sexta-feira, que passei o dia sozinha, esse sentimento piorou... e no sábado ainda mais, pq resolvi ficar em casa. Já que ninguém se importa mesmo.
Domingo conversei um pouco com a Sandra e falei sobre esse sentimento. Ela disso que isso não é verdade, e que ela se importa. Mas mesmo assim, o sentimento que existe em mim é esse. O fato é que continuo na mesma. Apesar de saber na teoria que isso é uma mentira, continuo sentindo que ninguém se importa comigo, com o que eu penso e sinto. Estou orando e pedindo que Deus me ajude a superar esse sentimento.
Ah, no domingo tb eu tive uma overdose de palavra sobre perdão. Foi muito forte. Mas é aquele negócio, na teoria eu entendo, o problema é a prática. Eu acho que estou começando a querer procurar o meu pai. Isso é um bom sinal, mas ainda não tenho certeza.
Enquanto eu não resolvo todas essas coisas dentro de mim, não vou ficar parada. Vou continuar a análise através do livro, agora na parte: o abuso prejudicou o seu pensamento.
É incrível como o simples fato de escrever sobre o que eu sinto faz com que eu mude a minha postura. Eu estava decidida a não falar sobre o sentimento de culpa que veio sobre mim depois do sonho (uma "recaída" à minha reação de autoproteção). Até que resolvi reagir e escrever. E foi instantâneo, pq logo depois senti vontade de falar sobre o q eu estava sentindo.
Enfim, chegou o momento de conversar com a Sandra. Foi bom que eu não me senti tão ansiosa e apavorada como no dia da primeira conversa. Assim, falamos rapidinho, mas foi legal pq pude ver algumas coisas de uma nova maneira.
Comecei falando sobre o sonho, e depois sobre o sentimento de culpa. Aí ela lembrou da comparação entre Pedro (arrependimento) e Judas (remorso). Eu ainda não tinha pensado nessa questão dessa forma. A culpa verdadeira leva ao arrependimento, a culpa falsa leva ao remorso.
Falei tb que meu pai sempre me procurou e eu não correspondi qdo ele pediu perdão, ou qdo disse que me amava. Aí ela me fez uma pergunta que eu vou tentar responder agora: Por que vc não procura o seu pai?
Creio que a principal razão pela qual eu não me aproximava dele era o medo da exposição de quem eu era. Eu achava que precisava ser forte, mas a falta que eu sentia dele era grande demais para que eu pudesse encarar. Como sempre, ignorar era o melhor a fazer, pelo menos assim eu poderia demonstrar que era forte. Por isso não o procurava... ignorá-lo era mais fácil do que suportar a dor que eu sentia com a separação.
Bom, aqui estou eu novamente sem nenhuma vontade de escrever, pensar e muito menos falar sobre aquilo que estou sentindo. Mas eu não quero desistir de ser curada, não posso mais viver sem a abundância que Deus tem reservado pra mim!!!
Acho que cheguei no momento em que estou sentindo novamente as coisas... e tá doendo... segunda-feira eu falei sobre o sonho que eu tive, depois dele eu tenho pensado em várias coisas... e ontem no culto a noite, entendi o porquê do nó na garganta. Veio sobre mim um sentimento de culpa muito grande... culpa por ter "matado" meu pai, "matado" me avô e tantas outras pessoas que já ignorei. Me sinto culpada por tê-los ignorado e continuar ainda agindo como se eles não existissem... mas ao mesmo tempo entro em pânico só em cogitar a possibilidade de pedir perdão. Sabe, é como no sonho... eu não queria matá-los, mas era mais forte do que eu.
Hoje estou um pouco melhor, mas ainda não quero falar sobre isso. Estou escrevendo só pra me forçar a colocar em palavras os meus sentimentos. Principalmente pq amanã é o dia de conversar com a Sandra (pelo menos teoricamente, pq ela não confirmou e eu ainda não perguntei nada, nem pretendo perguntar) e sei que ela vai falar sobre perdão. Já estou até imaginando o quão difícil vai ser...
Como eu não vou desistir, voltemos ao livro.
"Parece que rotulamos pessoas que resistem a qualquer crise com um pouco ou nenhum abalo como espiritualmente maduras"
=> Hehe, sem cometários... por isso eu sempre me considerei madura espiritual e emocionalmente, assim como as pessoas sempre me viam como madura. Dessa forma, é o máximo pensar que Jesus teve medo na noite antes de ser crucuficado. Na cruz Ele conheceu lugar de dor, terror e abandono. Jesus tb sentiu culpa. Ele, que era inocente, foi feito culpado. Ele foi transformado em oferenda pela culpa para que eu pudesse ser limpa. Ele sabe em que pontos eu não sou culpada (eu, acho que já nem sei mais). E onde eu sou culpada, ele se ofertou para que eu pudesse estar livre.
"Jesus também ficou furioso. Tudo o que desonrava ou distorcia a Deus enfurecia Jesus, Logo, o abuso enfurece Jesus. É maligno; pecado; prejudica a vítima. Confunde as pessoas sobre o caráter de Deus. Vocês têm raiva do fato de que Deus foi distorcido pra vcs; pq lhes foram ditas mentiras sobre vc e Deus."
=> É por isso que só estou sentindo raiva pelo abuso de uns tempos pra cá. Porque eu tenho raiva por ter tido meus sentimentos distorcidos, por ter por tanto tempo vivido em uma mentira, acreditando em mentiras sobre mim e sobre deus. Difícil é ficar com raiva da maneira correta...
"Jesus também conheceu o luto. em várias ocasiões ele gemeu. Um gemido é um clamos profundo que expressa uma dor para a qual não há palavras. Jesus ficou aflito. Ele se lamentou. Lágrimas correram por seu semblante. Deus chorou abertamente. Não o escondeu. Não se mostrou forte em público. Chorou. Você que sentiu tanta tristeza e tanto luto pode saber que Jesus sabe. Ele não apenas sentiu tristeza, mas carregou a sua. Você que se sente como se as lágrimas jamais pararão tem um Redentor que chorou. Ele clamou, foi subjugado, arrasado pelo esmagamento da tristeza. Ele compreende."
=> Sem palavras... esses dias tenho sentindo tanta tristeza, solidão, culpa... que nem lembrei que Ele sentiu tudo isso e já carregou tudo isso por mim. Deus me ama, e nunca vai me abandonar!
"Alguns de vcs, em decorrência do abuso, tornaram-se superficiais, sem paixão. Fogem de seus sentimentos. Saibam que, embora sentimentos como aflição e raiva possam ser amedrontadores, Deus não quer que vc os extirpe. Ele os sentiu. Somo chamados a ser como Ele. Igualmente saibam que Ele pode trabalhar redentoramente com suas emoções. elas não estão fora de seu poder de curar e controlar. Deixem-se conduzir para que nEle obtenham compreensão, consolo e cura."
=> Tem sido um grande desafio deixar Deus conduzir as minhas emoções. É duro sentir dr, raiva, e um monte de outras coisas que nem seu como identificar. Fico o tempo todo tentada a esquecer essa história, e viver bem a minha vida, como sempre fiz. É mais fácil me satisfazer com o bom e não deixar que ninguém me conheça... eu posso esconder meus sentimentos até de mim mesma se eu quizer. Mas aí tenho que abrir mão de viver em abundância, e isso eu não quero!!!
Continuando a responder a pergunta: "Porque é tão importante encontrar palavras para seu medo?"
"A razão final e mais importante é a de aprender a separar a verdade das mentiras. No contexto do abuso, podemos destacar algumas verdades. Você não conseguiu impedí-lo. Era avassalador. A raiva foi adequada. E vc realmente precisava de segurança e conforto. Ao lidar corretamente com as verdades do abuso, evitamos ser levados a certas mentiras destruidoras da vida: mada dp qie faço tem importância; não sou capaz de controlar nada; ninguém no mundo inteiro jamais me dedicará consolo, simplesmente tenho que cuidar de mim mesmo."
=> Tenho que admitir que muitas dessas mentiras têm feito parte da minha vida. Realmente acho que sempre vai ter alguém mais capaz do que eu pra liderar alguma coisa. E que tb ninguém é capaz de entender como eu me sinto, se preocupar cominfo, sentir vontade de estar do meu lado. Por isso tenho que me preocupar comigo mesma, pq se eu não fizer, ninguém fará. Posso hj entender isso como mentira, mas parece que está enraizado na minha alma como verdade... é estranho!!!
"Não apenas as mentiras precisam ser separadas da verdade, mas lidar com esses sentoimentos e seus efeitos sobre vc demandará trabalho árduo e muita repetição. Você terá, por exemplo, de entender sua culpa, separar as mentiras da verdade, ouvir a verdade inúmeras vezes, estudar o que Deus diz, e então dar meia volta e fazer tudo outra vez."
Passei o fim de semana todo sem vontade de escrever sobre tudo o que Deus tem me feito enxergar sobre o meu caráter, mas aconteceu bastante coisa interessante esses 2 dias.
No sábado tivemos ensaio e eu tive de novo que encarar a Sandra. Pra variar, eu ficava em pânico cada vez que ela me olhava, e tal, achando que ela ia comentar alguma coisa. Não deu pra covnersar com ela no sábado, mas eu não consigo, olho pra ela e penso que a gente tem que conversar, e fico em pânico!!!
Depois da aula eu fiquei mal pq não tinha nada pra fazer, não queria ir pra casa e ficar sozinha. Ah, sei lá explicar o que eu tava sentindo... aí resolvi andar sozinha mesmo. Enquanto eu andava fui pensando que tudo isso é pq estou voltando a sentir.. vontade de conversar, tal.. faz parte do tratamento de Deus!!!
Andei até o shopping e fui no cinema, assistir "A Villa". Cara, Deus é tão criativo que resolveu usar o filme pra falar comigo.. era basicamente a história dos moradores de uma vila que construíram uma vida isolada do mundo, para que não vissem mais sofrimento, não sentissem mais dor. Até que as coisas que causam dor passaram a surgir da própria Vila.
Acho que nem preciso comentar a associação que eu fiz com a minha história... eu se,pre preferi me privar da dor, usando uma máscara que impedia as pessoas de verem meus reais sentimentos. E, como no filme, Deus está me dando a oportunidade de sair desse "jogo", de expor tida a verdade, acabar com as mentiras colocadas em mim durante a infância.
Saí de lá atordoada.. eu não quero ter a mesma realção das pessoas do filme. Quero ter a coragem de revelar todos os segredos ocultos e viver abundantemente. Assim, na Vila eles viviam sem dor, mas tb não podiam desfrutar de tudo o que o mundo tinha para oferecer. Além disso, o medo "daquelas de quem não falamos" era presente em todas as pessoas.
Não bastasse isso, não lembro bem se essa noite ou na noite passada eu tive um sonho com a explicação no próprio sonho. Eu sonhei que matava (literalmente) uma pessoa, munha irmã, ou meu pai, não sei ao certo. Era uma piscina, e eu ia meio que "preparando" os corpos das pessoas, e tal... não lembro bem qual era o procedimento, só sei que depois que terminei de fazer, entrei em crise de choro, arrependida de ter matado alguém que eu amo só por causa dos meus sentimentos.
Acordei (acho que ainda no sonho, tipo, eu sonhei que estava sonhando) com a seguinte frase na minha cabeça: "cada vez que vc ignora seu pai vc o mata", "cada vez que vc age como se ele não existisse vc o mata". Já dá pra imaginar a crise né? Pq essa é a mais pura verdade. Eu o ignoro, agindo como se não existisse. E pra Deus isso é como se eu o matasse.
Depois disso fiquei péssima... é mto difícil iso... o que será q quer dizer na prática??? Que eu devo procurar o meu pai agora, é isso? Mas eu ainda não consigo... mas tb não quero continuar matando o meu próprio pai.
Então, essa é a crise do momento. Acho que por isso é que estou me sentindo sozinha... sabe, uma vontade de me abrir com alguém mas parece que ninguém se toca como estou ficando angustiada pra falar...
"O medo é a reação central ao trauma. Ser traumatizado é ficar desamparado. Ficar desamparado diante de uma atrocidade é sentir terror. Perdemos nosso senso de controle e nos desconectamos. O trauma do abuso sexual acontece no contexto do relacionamento. A recuperação (aprender a não viver baseado no medo) precisa acontecer no contexto do relacionamento. O medo destrói a confiança, inibe o amor. Resulta em contrição, refreamento e retirada. Tudo isso afeta profundamente nossos relacionamentos. Por isso, estar em um relacionamento com uma pessoa confiável que tb entenda o abuso sexual e suas consequências podem resultar em uma cura fenomenal."
=> Entendo que até nisso Deus está me presenteando. Se a recuperação precisa acontecer num relacionamento, então realmente fiz a coisa certa ao contar pra Sandra. Com isso Deus está me dando a oportunidade de reconstruir a confiança nas pessoas, e restabelecer o amor genuíno. Estou aprendendo a não viver baseada no medo. Assim, eu morro de medo de expor o q sinto pra Sandra, mas não posso deixar ele me paralizar e me impedir de me abrir. Tenho que controlá-lo.
=> Durante esses dias eu tnho aprendido a articular os meus medos. Eu não consigo falar sobre eles pras pessoas, mas pra mim sempre foi mais fácil me expressar escrevendo o que eu sinto. Deus é maravilhoso em permitir que eu use essa forma de expressão para articular o que sinto.
"Por que é tão importante encontrar palavras oara seu medo?Deus nos criou com uma voz e quer que a usemos. Porém essa voz se perde qdo o medo nos subjuga. A finalidade da sua voz é uma força poderosa dentro de vc"
"Outra razão por que é tão importante encontrar palavras pe que qdo somos subjugados pelo medo e nos calamos, empacamos. O cérebro não tem nenhuma oportunidade para processar o que aconteceu. O medo simplesmente se instala lá dentro, intacto. Vc não sente medo pq aquela pessoa alguma vez o feriu, mas pq muito tempo atrás alguém o fez. Sua mente não separará o passado e o presente adequadamente se não tiver permissão para processar, articular, expressar o que aconteceu, e encontrar um modo de conviver com isso!!!"
=> Creio que foi isso que aconteceu comigo. Ao me calar e agir como se nada tivesse acontecido impedi meu cérebro de processar o fato, separando-o do presente. Agora que estou fazendo isso fica mais fácil resolver o passado e não recorrer aos mecanismos de autoproteção...
De novo cheguei no meu limite. Ainda há mais a considerar sobre como está se processando a cura das minhas emoçoes, mas vou fazer isso outro dia. Amanhã tenho ensaio, e continuo em pânico ao pensar em encarar a Sandra. Talvez ela resolva conversar comigo... mas hj eu pude entender que não posso viver em função do medo. Se minha reação de autoproteção seria fugir de quem me conhece, então eu vou quebrar esse ciclo e continuar falando, mesmo com medo, com dor de estômago, ou tremendo toda. Em nome de Jesus eu declaro: o medo não vai mais me vencer, pq no amor de Jesus eu posso lançar fora o medo.
Voltando a falar sobre o sentimento de raiva...
O que vc faz com a sua raiva? Vc a engole?
Você tem explosões súbitas ou acessos de raiva?
Você fica deprimido? Você é autodestrutivo?
Você descarrega em outra pessoa, aberta ou mais sutilmente?
Você tem medo de sua raiva?
Você sabe contra quem sente a raiva?
=> Também sinto raiva da estrutura da minha família, que não me dava segurança. Se eu tivesse aprendido a confiar neles eu poderia ter falado do abuso e conseguidi ajuda. Mas eu não podia ser responsável por mais brigas...
Acho estranho ter que falar sobre a raiva. De tudo o que tenho aprendido sobre relacionamentos sempre é falado sobre perdão. Então não me sinto bem fazendo o que fiz agora... eu realmente estou com vontade de dar uma porrada na cara do meu vô e falar o quanto ele é nojento e baixo, e o quanto ele me prejuducou, me fez sofrer. Sei que não é politicamente correto sentir isso, mas é o que sinto agora. E só agora mesmo to sentindo, pq eu estou escrevendo e pensando sobre a raiva. Isso é meio estranho... o certo não é eu ter vontade de perdoar? E essa raiva toda? É, talvez essa seja a raiva que estava o tempo todo escondida... e agora está vindo a tona para ser tratada...
Bom, ia escrever também sobre o "luto", mas acho que já cheguei no meu limite, estou muito tensa. Amanhã eu continuo!!!
Vou tentar explicar como estou me sentindo. Ontem escrevei sobre assuntos difíceis... foi bom, pq me fez pensar em várias coisas que têm me afetado nos últimos meses, e abalado meu relacionamento com Deus. Hoje conversei com a Paty, ela está totalmente afastada de Deus, não quer nem saber de voltar a ser crente, está num estágio sério de anorexia e bulimia. Isso me deixou muito triste, é péssimo ver ela assim...
Além de tudo isso, acho que o que está me deixando mal e insegura mesmo é o fato de ter emprestado esse caderno pra Sandra. São tantas coisas tão íntimas. Tudo bem que separei só algumas partes... mas mesmo assim ainda são 28 páginas de profunda reflexão de assuntos tão íntimos... começa com os detalhes do momento do abuso, tudo o que ele me falou... enfim, tudo o que eu queria ter contado mas não tive coragem!
É difícil explicar como me sinto. Creio que está acontecendo aquilo que eu sempre temi: a exposição daquilo que eu sou, dos meus sentimentos mais profundos. Estou dando pra Sandra uma permissão para me conhecer de forma que nincguém ainda conheceu. Não que eu não confie nela (muito pelo contrário), mas eu estou com um nó na garganta, estômago embrulhado... sei lá o que é isso... acho q é a luta contra mim mesma. Uma parte quer permanecer escondida e a outra quer se abrir para as pessoas e conhecer a abundância que Deus tem preparado... é uma contradição e tanto de sentimentos.
Eu sei que tudo isso faz parte da cura de Deus sobre a minha vida. Mas é muito estranho começar a colocar pra fora todas as coisas que a tanto tempo permaneceram escondidas.
"Independentemente de como foi nossa história ou quanto outras pessoas pecaram contra nós, todos nós teremos de comparecer perante Deus pelas nossas ações e reaçoes."
=> Eu sei que sou culpada pelas minhas reações de autoproteção, de ter me fechado, construído um muro em torno de mim... sou culpada de me refugiar ao pecado quando me sinto sozinha... sou culpada e me arrependo... queria muito voltar ao que eu era antes!!!
RAIVA: "É uma reação normal ao abuso, ao mal, à iniquidade e à opressão. Pode ser uma força positiva (ajuda você a ir levando a vida, a reagir, dá uma sensação de poder) ou negativa (leva a ir a lugares que não queria ir, a dizer e fazer coisas que não quer). "Muitos de vocês negam sua raiva. Na realidade, vocês o fizeram tão bem e por tanto tempo que não sentem raiva alguma. A raiva com que não se lida de forma apropriada e saudável pode se manifestar de maneiras destrutivas (ferir-se ou a outras pessoas). Pode resultar em uma constante depressão. Em lugar de sentir raiva, algumas pessoas se tornarão emocionalmente superficiais. A raiva às vezes se expressa por meio do corpo, como dores de cabeça e problemas de estômago."
=> Nunca tinha pensado nisso... eu realmente não costumo sentir raiva. Nem mesmo quando penso no abuso... eu sinto vergonha e não raiva deles... tenho pelas pessoas desprezo, indiferença, mágoa... não raiva. Talvez seja por isso tb que sou superficial emocionalmente. De repente até minhas dores de cabeça e estômago são essa raiva somatizada...
Continuando a leitura do livro, vou falar agora sobre os danos causados pelo abuso nas minhas minhas emoções. Lembrando que, é óbvio, todas essas áreas se relacionam e influenciam umas às outras!!!
MEDO "É a resposta central ao sentimento de impotência causado pelo abuso. Ele se torna um modo de vida. O perigo e o terror nos impelem para que nos protejamos."
=> O medo de ser agredida novamente fez eu me afastar do meu avô e tio e, inconscientemente, de todas as pessoas... "O trauma nos leva a perder a capacidade de sentir e entender sem medo. Quando nos percebemos como fracos, desamparados e dependentes, ou quando nos achamos negligenciados e/ou prejudicados, muitas vezes deixamos de ter sensações e sentimentos. Assim como nos desconectamos do nosso corpo, podemos também nos desligar das nossas emoções. Normalmente, a intensidade emocional associada ao trauma é tão poderosa que subjuga qualquer capacidade normal de suportar sentimentos."
=> Sem sombra de dúvida, isso acontece comigo. Eu não consigo sentir a ausência de pessoas com quem não convivo mais. Creio que por não suportar os sentimentos, a melhor proteção pra mim era não senti-los. "Quando os sentimentos se tornam insuportáveis, torna-se necessário o alívio ou uma trégua através dos comportamentos compulsivos (faxinas, exercícios, comer, sexo)"
=> Também experimentei e tenho ainda experimentado uma rota de fuga, de alívio quando os sentimentos se tornam insuportáveis, mas são coisas que ainda não consigo publicar. "Muitos de vocês nunca se sentiram suficientemente livres ou seguros até mesmo para articular o fato de que estão com medo. Anote algumas das coisas que você tem medo.
=> Talvez seja mais rápido falar sobre o que eu não tenho medo... são tantas coisas que me dão medo... vou tentar falar sobre elas:
=> Tenho medo de: me expor; de que as pessoas saibam o que eu sou (a parte podre) e me rejeitem; que me achem imatura; que meu pai morra sem eu ter conseguido falar com ele e dizer que o perdôo, que o amo e pedir o seu perdão; de ter que falar sobre o abuso com meu avô ou com qualquer outra pessoa da minha família; de nunca encontrar alguém e formar uma família; de não conseguir demonstrar amor para meu marido e filhos; de fazer as pessoas sofrerem; de que as pessoas não confiem em mim; de conversar com a minha mãe sobre as coisas que ela fez e reconhecer quando ela me machucou (isso acabaria com ela, faria ela sofrer muito); de fazer meus filhos (ou qualquer outra pessoa) sofrerem como meus pais e minha família toda fizeram; de ter que voltar agora a conviver com meu avô (depois de exposta a ferida vai ser quase impossível estar diante dele e não demonstrar nenhum sentimento com relação ao abuso); de amar alguém e não ser correspondida.
=> Bom, acho que sou capaz de ficar a noite toda fazendo essa lista, mas preciso dormir. Deu pra perceber né que o que não falta é medo!!!
Hoje eu finalmente conversei com a Matilde. É incrível como é difiícil falar sobre isso!!! Sinto que mais uma vez fiz a vontade de Deus. No momento em que eu pensei em desistir de contar, em desistir de ser curada, lembrei do que me encorajou a entrar nessas feridas. O desejo ardente por mais de Deus, pela abundância daquilo que Ele tem pra mim.
Oi gente! Estou muito feliz com todas vcs que tem entrado aqui, algumas amigas que fiz essa semana no MSN, enfim... espero poder ajudá-las a superar pelo menos um pouquinho essa dor que é tão grande !!! Lembra daquele programa de TV que falei que não tinha coragem de participar? Então, ele vai ao ar HOJE, na TV Cultura, 22h. É o programa da jornalista Silvia Poppovic, vai falar sobre abuso sexual. Pelo que eu saiba vai falar uma pessoa que foi abusada sexualmente pelo pai na infância e hj tem um projeto com crianças que passaram por isso. E tb estará lá uma amiga do orkut, que eu indiquei pra participar (já que não tive coragem de ir ). Ela disse que o programa foi bom, que vale a pena assistir (foi gravado ontem). Então, é isso: HOJE, 22h, TV CULTURA - assistam !!!!!!!!!
O QUE ACONTECE DEPOIS DE VOCÊ CONTAR SUA HISTÓRIA
Oi gente!!! Hoje pela primeira vez eu senti vontade de conseguir contar a minha história pra todo mundo que eu conheço: amigos, família... todos, sem exceção. Vocês não vão acreditar: eu fui convidada pra participar de um programa de TV que vai falar sobre o assunto, mas eu não posso pq não tenho coragem de mostrar a minha cara.
REVELAÇÃO