Perfil



Nome: Princesinha
Idade: 25 anos
Moro em: São Paulo

Minha História: Sofri abuso sexual na infância. Durante 14 anos preferi acreditar que esse episódio isolado na minha vida não tinha me afetado em nada, mas isso mudou no final do ano passado, quando me permiti ser levada por Deus a lugares onde ninguém antes havia penetrado, nem eu mesma. Essa tem sido a melhor e mais difícil época da minha vida, por isso quero compartilhar minha história com vocês, a forma como tenho aprendido a lidar com os sentimentos confusos que ficam dentro da gente que sofreu esse tipo de agressão.

TUDO O QUE ESTÁ ESCRITO NESSE BLOG É PARTE DE UM DIÁRIO QUE COMECEI A FAZER EM AGOSTO DE 2004, SEM NEM IMAGINAR QUE UM DIA IRIA PUBLICÁ-LO. ALGUMAS COISAS MUDARAM, ESTOU MELHOR, E POR ISSO DECIDI COMPARTILHAR TUDO O QUE APRENDI NESSE TEMPO QUE TENHO LIDO, PENSADO E CONVERSADO SOBRE O ABUSO SEXUAL. SE VOCÊ DESEJAR AJUDA, ENTRE EM CONTATO.

Contato: guerreiravencedora@hotmail.com (e-mail e MSN)
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10.12.06

Sexta-Feira, 08/10/2004, 20h

=> Estava lendo sobre as mentiras a que acreditei durante toda a vida. Creio que ainda há muitas mentiras a serem identificadas, não estou conseguindo. Peço a Deus que continue a me trazer revelação dessas mentiras, para que eu possa colocá-las diante da Verdade e acabar com elas.

"Depois de ter sido silenciado por tanto tempo, dizer meus pensamentos em voz alta, até mesmo pensar que eles têm valor, representa uma experiência nova para mim; Aos vinte e cinco anos eu me permiti pensar no que fizeram comigo e então falar toda a verdade; Eu nem sequer costumava ver as mentiras. Então eu consegui vê-las com ajuda."

=> Peguei esses pedaços de testemunhos, pq descreve um pouco daquilo que eu estou vivendo. O que está acontecendo comigo agora, depois que me permiti pensar e falar pe uma transformação imensa, ainda em processo.

"Todo o nosso pensar foi moldado pelas experiências e pelas pessoas em nossa vida. Os pensamentos que temos em momentos tensos tendem a ser gravado mais profundamente em nosso cérebro."

"Quando ocorre um fato ruim temos que achar um jeito de adaptar nosso pensamento para acomodar a nova informação. Colocamos as coisas ruins em um canto isolado, a fim de que possamos continuar pensando tudo o que acreditamos antes que acontecessem. O problema é que esse mecanismo não funciona para sempre. Em algum lugar do caminho tudo o que ficou banido no canto aflora e demanda atenção. Além disso, viver dividido não é viver na verdade.

=> Essa última frase diz tudo... e se Cristo é a verdade, eu não posso estar nele estando dividida, pq as duas coisas se contrapoem. Poe isso, por mais difícil que seja, prefiro viver a verdade em Cristo a continuar me escondendo de todos.

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 10, 2006 ¤ (1)

Quarta-Feira, 06/10/2004

O ABUSO PREJUDICOU SEU PENSAMENTO

"Se vc sofreu abuso sexual, seu pensamento foi deturpado. O trabalho de discernir a verdade das mentiras é um grande desafio"

"Eu tirava conclusões sobre outros e mim mesmo baseadas em pensamentos e sentimentos que não estavam atrelados a nada na atualidade."

"O trauma abala o que acreditávamos que fosse verdade sobre nosso mundo. As idéias a que nos apegamos (de que o mundo é um lugar bom e seguro, que a violência jamais nos atingirá) são destruídas."

=> pra variar, tenho que dizer... Deus é mesmo criativo. Toda essa crise bem antes de eu começar esse capítulo que vai me ensinar com as mentiras colocadas em minha mente.

=> a conclusão de que "ninguém se importa" não tem ligação com a atualidade, já que estou sempre com amigos, conversando, tal... mas mesmo assim o sentimento existe.

"Duplicidade de Pensamento:Usada para conviver com realidades duras; mantemos em nossa mente dois pensamentos contraditórios simultâneos."

=> Minha mãe não se importa com o que eu sinto, mas tb ela era muito nova qdo se separou, é tudo muito difícil pra ela. Não sei se tenho outro tipo de duplicidade de pensamento.

"Dissociação:Ajuda um sobrevivente a se afastar física ou emocionalmente do abuso. Você pode se dissociar das sensações em seu corpo, de suas emoções ou da realidade do que está acontecendo."

"O que é uma ajuda qdo criança pode ser muito perigoso qdo adulto. Estar dissociado leva o sobrevivente a não notar tudo o que acontece ao seu redor. Isso torna muito mais fácil que seja magoado. Ao se distanciar do que está ocorrendo em seu redor, tende a ignorar os sinais de advertência do perigo."

"Você se desloca? Quando isso acontece? Como isso é ativado?"

=> Eu me desloco, ou "abstraio" em várias situações. Qdo me vejo diante de uma situação que exige que eu exponha meus sentimentos eu me desloco e não sinto aquilo que deveria sentir para poder expressar. No meio de uma "discussão" do ministério, qdo o pessoal começa a falar o que sente, eu simplesmente não sinto nada, fico confusa. Qdo estou falando com alguém sobre o que sinto tenho a tendência de banalizar, falar como se não fosse comigo.

"Lembranças: A mera lembrança não traz cura, e não provocará mudança. A verdade é mais importante do que as recordações. Viver a vida basseado em mentiras ensinadas pelos eventos relembrados é destrutivo. Substituir as mentiras pela verdade e escolher novos modos de responder à vida é o que trará liberdade e mudança."

=> Como eu faço isso, de substituir as mentiras pela verdade. Teoricamente é fácil... mas como posso deixar de acreditar na mentira de que ninguém se importa comigo?

"Mentiras e Verdade: Uma das principais tarefas para curar o pensamento danificado é identificar as mentiras e substitui-las por verdades."

=> Ninguém se importa comigo; intimidade sempre resultará em ferida, de maneira que jamais deixarei alguém chegar perto de mim; construí um uro que ninguém, nem mesmo Deus, pode atravessar; se as pessoas soubessem quem eu sou de verdade não iam querer se relacionar comigo, ou o fariam apenas por piedade; se as pessoas souberem o quanto eu sou insegura não vão confiar em mim.

"Uma tremenda energia é consumida para preservar a mentira que vc sustenta. Essa energia nunca é liberada para outros propósitos. A mentira de que vc tem que executar um papel para ser amado significa que vc nunca pode parar. E assim por diante. É uma prisão. Vc não foi feito para viver desse modo."

=> A mentira de que ninguém se importa comigo e a de que intimidade sempre resultará em ferida faz com que eu prefira não me importar com as pessoas nem permitir muita intimidade. A energia consumida nesse caso é grande pq, como eu não fui criada pra viver assim, minha alma anseia pelo contato, pela intimidade, por ter alguém que se importe comigo.

"A cura não virá pela preservação dessas mentiras. Embora olhar para a verdade seja uma das coisas mais aterradoras que vc pode fazer, isso o libertará."

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Quarta-Feira, 06/10/2004, 9h

Muito tempo sem escrever, aconteceu muita coisa, eu senti muita coisa ruim esses dias... mas eu não posso, não quero e não vou desistir de ser curada. Então eu vou tentar contar um pouco do que senti esses dias e ainda estou sentindo.

Depois da conversa com a Sandra na quinta-feira eu fiquei muito mal pq uma amiga me deixou um tempão esperando a carona que ela ia dar. Sabe, foi me batendo um sentimento de solidão muito grande, vontade de chorar... um sentimento de que ninguém se importa. Não importa o quanto eu me esforce, as pessoas não se importam comigo, e o negócio é cuidar da vida sozinha e não esperar muito de ninguém. Sei que isso é uma das mentiras que foram impressas em mim pelos acontecimentos da infância, mas o que eu posso fazer, esse é o sentimento que eu tenho, preciso admitir. Sei que na sexta-feira, que passei o dia sozinha, esse sentimento piorou... e no sábado ainda mais, pq resolvi ficar em casa. Já que ninguém se importa mesmo.

Domingo conversei um pouco com a Sandra e falei sobre esse sentimento. Ela disso que isso não é verdade, e que ela se importa. Mas mesmo assim, o sentimento que existe em mim é esse. O fato é que continuo na mesma. Apesar de saber na teoria que isso é uma mentira, continuo sentindo que ninguém se importa comigo, com o que eu penso e sinto. Estou orando e pedindo que Deus me ajude a superar esse sentimento.

Ah, no domingo tb eu tive uma overdose de palavra sobre perdão. Foi muito forte. Mas é aquele negócio, na teoria eu entendo, o problema é a prática. Eu acho que estou começando a querer procurar o meu pai. Isso é um bom sinal, mas ainda não tenho certeza.

Enquanto eu não resolvo todas essas coisas dentro de mim, não vou ficar parada. Vou continuar a análise através do livro, agora na parte: o abuso prejudicou o seu pensamento.

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Quinta-Feira, 30/09/2004, 20h30

É incrível como o simples fato de escrever sobre o que eu sinto faz com que eu mude a minha postura. Eu estava decidida a não falar sobre o sentimento de culpa que veio sobre mim depois do sonho (uma "recaída" à minha reação de autoproteção). Até que resolvi reagir e escrever. E foi instantâneo, pq logo depois senti vontade de falar sobre o q eu estava sentindo.

Enfim, chegou o momento de conversar com a Sandra. Foi bom que eu não me senti tão ansiosa e apavorada como no dia da primeira conversa. Assim, falamos rapidinho, mas foi legal pq pude ver algumas coisas de uma nova maneira.

Comecei falando sobre o sonho, e depois sobre o sentimento de culpa. Aí ela lembrou da comparação entre Pedro (arrependimento) e Judas (remorso). Eu ainda não tinha pensado nessa questão dessa forma. A culpa verdadeira leva ao arrependimento, a culpa falsa leva ao remorso.

Falei tb que meu pai sempre me procurou e eu não correspondi qdo ele pediu perdão, ou qdo disse que me amava. Aí ela me fez uma pergunta que eu vou tentar responder agora: Por que vc não procura o seu pai?

Creio que a principal razão pela qual eu não me aproximava dele era o medo da exposição de quem eu era. Eu achava que precisava ser forte, mas a falta que eu sentia dele era grande demais para que eu pudesse encarar. Como sempre, ignorar era o melhor a fazer, pelo menos assim eu poderia demonstrar que era forte. Por isso não o procurava... ignorá-lo era mais fácil do que suportar a dor que eu sentia com a separação.

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Quarta-Feira, 29/09/2004, 19h30

Bom, aqui estou eu novamente sem nenhuma vontade de escrever, pensar e muito menos falar sobre aquilo que estou sentindo. Mas eu não quero desistir de ser curada, não posso mais viver sem a abundância que Deus tem reservado pra mim!!!

Acho que cheguei no momento em que estou sentindo novamente as coisas... e tá doendo... segunda-feira eu falei sobre o sonho que eu tive, depois dele eu tenho pensado em várias coisas... e ontem no culto a noite, entendi o porquê do nó na garganta. Veio sobre mim um sentimento de culpa muito grande... culpa por ter "matado" meu pai, "matado" me avô e tantas outras pessoas que já ignorei. Me sinto culpada por tê-los ignorado e continuar ainda agindo como se eles não existissem... mas ao mesmo tempo entro em pânico só em cogitar a possibilidade de pedir perdão. Sabe, é como no sonho... eu não queria matá-los, mas era mais forte do que eu.

Hoje estou um pouco melhor, mas ainda não quero falar sobre isso. Estou escrevendo só pra me forçar a colocar em palavras os meus sentimentos. Principalmente pq amanã é o dia de conversar com a Sandra (pelo menos teoricamente, pq ela não confirmou e eu ainda não perguntei nada, nem pretendo perguntar) e sei que ela vai falar sobre perdão. Já estou até imaginando o quão difícil vai ser...

Como eu não vou desistir, voltemos ao livro.

"Parece que rotulamos pessoas que resistem a qualquer crise com um pouco ou nenhum abalo como espiritualmente maduras"

=> Hehe, sem cometários... por isso eu sempre me considerei madura espiritual e emocionalmente, assim como as pessoas sempre me viam como madura. Dessa forma, é o máximo pensar que Jesus teve medo na noite antes de ser crucuficado. Na cruz Ele conheceu lugar de dor, terror e abandono. Jesus tb sentiu culpa. Ele, que era inocente, foi feito culpado. Ele foi transformado em oferenda pela culpa para que eu pudesse ser limpa. Ele sabe em que pontos eu não sou culpada (eu, acho que já nem sei mais). E onde eu sou culpada, ele se ofertou para que eu pudesse estar livre.

"Jesus também ficou furioso. Tudo o que desonrava ou distorcia a Deus enfurecia Jesus, Logo, o abuso enfurece Jesus. É maligno; pecado; prejudica a vítima. Confunde as pessoas sobre o caráter de Deus. Vocês têm raiva do fato de que Deus foi distorcido pra vcs; pq lhes foram ditas mentiras sobre vc e Deus."

=> É por isso que só estou sentindo raiva pelo abuso de uns tempos pra cá. Porque eu tenho raiva por ter tido meus sentimentos distorcidos, por ter por tanto tempo vivido em uma mentira, acreditando em mentiras sobre mim e sobre deus. Difícil é ficar com raiva da maneira correta...

"Jesus também conheceu o luto. em várias ocasiões ele gemeu. Um gemido é um clamos profundo que expressa uma dor para a qual não há palavras. Jesus ficou aflito. Ele se lamentou. Lágrimas correram por seu semblante. Deus chorou abertamente. Não o escondeu. Não se mostrou forte em público. Chorou. Você que sentiu tanta tristeza e tanto luto pode saber que Jesus sabe. Ele não apenas sentiu tristeza, mas carregou a sua. Você que se sente como se as lágrimas jamais pararão tem um Redentor que chorou. Ele clamou, foi subjugado, arrasado pelo esmagamento da tristeza. Ele compreende."

=> Sem palavras... esses dias tenho sentindo tanta tristeza, solidão, culpa... que nem lembrei que Ele sentiu tudo isso e já carregou tudo isso por mim. Deus me ama, e nunca vai me abandonar!

"Alguns de vcs, em decorrência do abuso, tornaram-se superficiais, sem paixão. Fogem de seus sentimentos. Saibam que, embora sentimentos como aflição e raiva possam ser amedrontadores, Deus não quer que vc os extirpe. Ele os sentiu. Somo chamados a ser como Ele. Igualmente saibam que Ele pode trabalhar redentoramente com suas emoções. elas não estão fora de seu poder de curar e controlar. Deixem-se conduzir para que nEle obtenham compreensão, consolo e cura."

=> Tem sido um grande desafio deixar Deus conduzir as minhas emoções. É duro sentir dr, raiva, e um monte de outras coisas que nem seu como identificar. Fico o tempo todo tentada a esquecer essa história, e viver bem a minha vida, como sempre fiz. É mais fácil me satisfazer com o bom e não deixar que ninguém me conheça... eu posso esconder meus sentimentos até de mim mesma se eu quizer. Mas aí tenho que abrir mão de viver em abundância, e isso eu não quero!!!

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Segunda-Feira, 27/09/2004, 23h

Continuando a responder a pergunta: "Porque é tão importante encontrar palavras para seu medo?"

"A razão final e mais importante é a de aprender a separar a verdade das mentiras. No contexto do abuso, podemos destacar algumas verdades. Você não conseguiu impedí-lo. Era avassalador. A raiva foi adequada. E vc realmente precisava de segurança e conforto. Ao lidar corretamente com as verdades do abuso, evitamos ser levados a certas mentiras destruidoras da vida: mada dp qie faço tem importância; não sou capaz de controlar nada; ninguém no mundo inteiro jamais me dedicará consolo, simplesmente tenho que cuidar de mim mesmo."

=> Tenho que admitir que muitas dessas mentiras têm feito parte da minha vida. Realmente acho que sempre vai ter alguém mais capaz do que eu pra liderar alguma coisa. E que tb ninguém é capaz de entender como eu me sinto, se preocupar cominfo, sentir vontade de estar do meu lado. Por isso tenho que me preocupar comigo mesma, pq se eu não fizer, ninguém fará. Posso hj entender isso como mentira, mas parece que está enraizado na minha alma como verdade... é estranho!!!

"Não apenas as mentiras precisam ser separadas da verdade, mas lidar com esses sentoimentos e seus efeitos sobre vc demandará trabalho árduo e muita repetição. Você terá, por exemplo, de entender sua culpa, separar as mentiras da verdade, ouvir a verdade inúmeras vezes, estudar o que Deus diz, e então dar meia volta e fazer tudo outra vez."

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Segunda-Feira, 27/09/2004, 15h30

Passei o fim de semana todo sem vontade de escrever sobre tudo o que Deus tem me feito enxergar sobre o meu caráter, mas aconteceu bastante coisa interessante esses 2 dias.

No sábado tivemos ensaio e eu tive de novo que encarar a Sandra. Pra variar, eu ficava em pânico cada vez que ela me olhava, e tal, achando que ela ia comentar alguma coisa. Não deu pra covnersar com ela no sábado, mas eu não consigo, olho pra ela e penso que a gente tem que conversar, e fico em pânico!!!

Depois da aula eu fiquei mal pq não tinha nada pra fazer, não queria ir pra casa e ficar sozinha. Ah, sei lá explicar o que eu tava sentindo... aí resolvi andar sozinha mesmo. Enquanto eu andava fui pensando que tudo isso é pq estou voltando a sentir.. vontade de conversar, tal.. faz parte do tratamento de Deus!!!

Andei até o shopping e fui no cinema, assistir "A Villa". Cara, Deus é tão criativo que resolveu usar o filme pra falar comigo.. era basicamente a história dos moradores de uma vila que construíram uma vida isolada do mundo, para que não vissem mais sofrimento, não sentissem mais dor. Até que as coisas que causam dor passaram a surgir da própria Vila.

Acho que nem preciso comentar a associação que eu fiz com a minha história... eu se,pre preferi me privar da dor, usando uma máscara que impedia as pessoas de verem meus reais sentimentos. E, como no filme, Deus está me dando a oportunidade de sair desse "jogo", de expor tida a verdade, acabar com as mentiras colocadas em mim durante a infância.

Saí de lá atordoada.. eu não quero ter a mesma realção das pessoas do filme. Quero ter a coragem de revelar todos os segredos ocultos e viver abundantemente. Assim, na Vila eles viviam sem dor, mas tb não podiam desfrutar de tudo o que o mundo tinha para oferecer. Além disso, o medo "daquelas de quem não falamos" era presente em todas as pessoas.

Não bastasse isso, não lembro bem se essa noite ou na noite passada eu tive um sonho com a explicação no próprio sonho. Eu sonhei que matava (literalmente) uma pessoa, munha irmã, ou meu pai, não sei ao certo. Era uma piscina, e eu ia meio que "preparando" os corpos das pessoas, e tal... não lembro bem qual era o procedimento, só sei que depois que terminei de fazer, entrei em crise de choro, arrependida de ter matado alguém que eu amo só por causa dos meus sentimentos.

Acordei (acho que ainda no sonho, tipo, eu sonhei que estava sonhando) com a seguinte frase na minha cabeça: "cada vez que vc ignora seu pai vc o mata", "cada vez que vc age como se ele não existisse vc o mata". Já dá pra imaginar a crise né? Pq essa é a mais pura verdade. Eu o ignoro, agindo como se não existisse. E pra Deus isso é como se eu o matasse.

Depois disso fiquei péssima... é mto difícil iso... o que será q quer dizer na prática??? Que eu devo procurar o meu pai agora, é isso? Mas eu ainda não consigo... mas tb não quero continuar matando o meu próprio pai.

Então, essa é a crise do momento. Acho que por isso é que estou me sentindo sozinha... sabe, uma vontade de me abrir com alguém mas parece que ninguém se toca como estou ficando angustiada pra falar...

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"A cura para suas emoções há de vir qdo vc der voz a elas. A cura virá pelo poder do Redentor. Independentemente do que aconteceu, Cristo pode resgatar tudo. Eu sei que pode acontecer!!!"

"O medo é a reação central ao trauma. Ser traumatizado é ficar desamparado. Ficar desamparado diante de uma atrocidade é sentir terror. Perdemos nosso senso de controle e nos desconectamos. O trauma do abuso sexual acontece no contexto do relacionamento. A recuperação (aprender a não viver baseado no medo) precisa acontecer no contexto do relacionamento. O medo destrói a confiança, inibe o amor. Resulta em contrição, refreamento e retirada. Tudo isso afeta profundamente nossos relacionamentos. Por isso, estar em um relacionamento com uma pessoa confiável que tb entenda o abuso sexual e suas consequências podem resultar em uma cura fenomenal."

=> Entendo que até nisso Deus está me presenteando. Se a recuperação precisa acontecer num relacionamento, então realmente fiz a coisa certa ao contar pra Sandra. Com isso Deus está me dando a oportunidade de reconstruir a confiança nas pessoas, e restabelecer o amor genuíno. Estou aprendendo a não viver baseada no medo. Assim, eu morro de medo de expor o q sinto pra Sandra, mas não posso deixar ele me paralizar e me impedir de me abrir. Tenho que controlá-lo.

=> Durante esses dias eu tnho aprendido a articular os meus medos. Eu não consigo falar sobre eles pras pessoas, mas pra mim sempre foi mais fácil me expressar escrevendo o que eu sinto. Deus é maravilhoso em permitir que eu use essa forma de expressão para articular o que sinto.

"Por que é tão importante encontrar palavras oara seu medo?Deus nos criou com uma voz e quer que a usemos. Porém essa voz se perde qdo o medo nos subjuga. A finalidade da sua voz é uma força poderosa dentro de vc"

"Outra razão por que é tão importante encontrar palavras pe que qdo somos subjugados pelo medo e nos calamos, empacamos. O cérebro não tem nenhuma oportunidade para processar o que aconteceu. O medo simplesmente se instala lá dentro, intacto. Vc não sente medo pq aquela pessoa alguma vez o feriu, mas pq muito tempo atrás alguém o fez. Sua mente não separará o passado e o presente adequadamente se não tiver permissão para processar, articular, expressar o que aconteceu, e encontrar um modo de conviver com isso!!!"

=> Creio que foi isso que aconteceu comigo. Ao me calar e agir como se nada tivesse acontecido impedi meu cérebro de processar o fato, separando-o do presente. Agora que estou fazendo isso fica mais fácil resolver o passado e não recorrer aos mecanismos de autoproteção...

De novo cheguei no meu limite. Ainda há mais a considerar sobre como está se processando a cura das minhas emoçoes, mas vou fazer isso outro dia. Amanhã tenho ensaio, e continuo em pânico ao pensar em encarar a Sandra. Talvez ela resolva conversar comigo... mas hj eu pude entender que não posso viver em função do medo. Se minha reação de autoproteção seria fugir de quem me conhece, então eu vou quebrar esse ciclo e continuar falando, mesmo com medo, com dor de estômago, ou tremendo toda. Em nome de Jesus eu declaro: o medo não vai mais me vencer, pq no amor de Jesus eu posso lançar fora o medo.

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Quinta - Feira, 23/09/2004

Voltando a falar sobre o sentimento de raiva...

O que vc faz com a sua raiva? Vc a engole?
=> Com certeza engulo. Minha primeira reação qdo algo me deixa com raiva é me acalmar e procurar manter o controle antes que alguém perceba que eu me alterei. No momento do abuso eu não me lembro de ter sentido raiva. Apenas não gostei do que aconteceu e me distanciei emocionalmente dos agressores. Só agora que comecei a encarar esse assunto é que estou sentindo raiva deles. O que será que passa na cabeça de alguém que faz isso com uma criança??? É legal pensar que agora estou sentindo raiva, pq pelo menos estou sentindo alguma coisa, não to entorpecida

Você tem explosões súbitas ou acessos de raiva?
=> De forma alguma, isso pra mim seria "demonstrar demais" o que estou sentindo. A única coisa que pode se aproximar disso são as explosões de choro, sempre escondidas, claro. Qdo eu me sentia injustiçada chorava de raiva, mas não falava nada.

Você fica deprimido? Você é autodestrutivo?
=> De autodestruição acho que nunca tive nada.. talvez aquelas questões de não cuidar do corpo, como já falei... sabe que eu tenho a tendência de sempre achar meslhor aquilo que os outros fazem do que o que eu faço. Assim, eu posso até saber coordenar brincadeiras para adolescentes, mas sempre vou achar que a outra pessoa que sabe pode fazer melhor do que eu. Será que isso é autodestruição?

Você descarrega em outra pessoa, aberta ou mais sutilmente?
=> Pior é que descarrego... sutilmente, mas descarrego. Se alguma coisa me deixa mal no dia-a-dia tenho a tendência a ser grossa com as pessoas que se aproximam de mim.

Você tem medo de sua raiva?
=> Sinceramente, nunca pensei nisso... tenho medo de muitas coisas, mas da raiva? Não consigo saber agora...

Você sabe contra quem sente a raiva?
=> Bem, além do básico: meu tio e meu avô (principalmente) que são os agressores, de quem agora estou começando a sentir raiva e querer falar um monte pra eles aprenderem a ser gente. Sinto raiva daquilo que o abuso causou em mim. Tantas crises, tantos sentimentos guardados, quanta vida trancada em mim. Quanto eu já perdi de relacionamentos com outras pessoas, tudo pq eu não era (e ainda não sou) capaz de desenvolver relacionamentos saudáveis. E eu não era capaz por causa de uns animais que resolveram passar a mão em mim... isso não é revoltante?

=> Também sinto raiva da estrutura da minha família, que não me dava segurança. Se eu tivesse aprendido a confiar neles eu poderia ter falado do abuso e conseguidi ajuda. Mas eu não podia ser responsável por mais brigas...

Acho estranho ter que falar sobre a raiva. De tudo o que tenho aprendido sobre relacionamentos sempre é falado sobre perdão. Então não me sinto bem fazendo o que fiz agora... eu realmente estou com vontade de dar uma porrada na cara do meu vô e falar o quanto ele é nojento e baixo, e o quanto ele me prejuducou, me fez sofrer. Sei que não é politicamente correto sentir isso, mas é o que sinto agora. E só agora mesmo to sentindo, pq eu estou escrevendo e pensando sobre a raiva. Isso é meio estranho... o certo não é eu ter vontade de perdoar? E essa raiva toda? É, talvez essa seja a raiva que estava o tempo todo escondida... e agora está vindo a tona para ser tratada...

Bom, ia escrever também sobre o "luto", mas acho que já cheguei no meu limite, estou muito tensa. Amanhã eu continuo!!!

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Quarta-Feira, 22/09/2004

Vou tentar explicar como estou me sentindo. Ontem escrevei sobre assuntos difíceis... foi bom, pq me fez pensar em várias coisas que têm me afetado nos últimos meses, e abalado meu relacionamento com Deus. Hoje conversei com a Paty, ela está totalmente afastada de Deus, não quer nem saber de voltar a ser crente, está num estágio sério de anorexia e bulimia. Isso me deixou muito triste, é péssimo ver ela assim...

Além de tudo isso, acho que o que está me deixando mal e insegura mesmo é o fato de ter emprestado esse caderno pra Sandra. São tantas coisas tão íntimas. Tudo bem que separei só algumas partes... mas mesmo assim ainda são 28 páginas de profunda reflexão de assuntos tão íntimos... começa com os detalhes do momento do abuso, tudo o que ele me falou... enfim, tudo o que eu queria ter contado mas não tive coragem!

É difícil explicar como me sinto. Creio que está acontecendo aquilo que eu sempre temi: a exposição daquilo que eu sou, dos meus sentimentos mais profundos. Estou dando pra Sandra uma permissão para me conhecer de forma que nincguém ainda conheceu. Não que eu não confie nela (muito pelo contrário), mas eu estou com um nó na garganta, estômago embrulhado... sei lá o que é isso... acho q é a luta contra mim mesma. Uma parte quer permanecer escondida e a outra quer se abrir para as pessoas e conhecer a abundância que Deus tem preparado... é uma contradição e tanto de sentimentos.

Eu sei que tudo isso faz parte da cura de Deus sobre a minha vida. Mas é muito estranho começar a colocar pra fora todas as coisas que a tanto tempo permaneceram escondidas.

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 10, 2006 ¤ (0)

Terça-Feira, 21/09/2004, 16h30

CULPA: "Quando a percepção de nosso próprio estado de culpa perante Deus e outros fica completamente enrolada com as mentiras do abuso, o fardo parece aniquilador e imperdoável. Você nem mesmo consegue separar a verdade das mentiras quanto ao seu sentimento de culpa antes de dar nome ao que acredita que seja sua culpa. De que vc se julgou culpado?"

=> Acho que sou culpada de ter permitido me afastar do meu pai dessa forma, acho que eu podia ter brigado pra ficar perto dele; sou culpada de querer resolver meus problemas sozinha, sou culpada de sufocar e esconder os meus sentimentos; se ao menos eu tivesse dito para o meu avô que achei horrível o que ele fez, então eu não teria me afastado dele sem motivo.

"Independentemente de como foi nossa história ou quanto outras pessoas pecaram contra nós, todos nós teremos de comparecer perante Deus pelas nossas ações e reaçoes."

=> Eu sei que sou culpada pelas minhas reações de autoproteção, de ter me fechado, construído um muro em torno de mim... sou culpada de me refugiar ao pecado quando me sinto sozinha... sou culpada e me arrependo... queria muito voltar ao que eu era antes!!!

RAIVA
: "É uma reação normal ao abuso, ao mal, à iniquidade e à opressão. Pode ser uma força positiva (ajuda você a ir levando a vida, a reagir, dá uma sensação de poder) ou negativa (leva a ir a lugares que não queria ir, a dizer e fazer coisas que não quer). "Muitos de vocês negam sua raiva. Na realidade, vocês o fizeram tão bem e por tanto tempo que não sentem raiva alguma. A raiva com que não se lida de forma apropriada e saudável pode se manifestar de maneiras destrutivas (ferir-se ou a outras pessoas). Pode resultar em uma constante depressão. Em lugar de sentir raiva, algumas pessoas se tornarão emocionalmente superficiais. A raiva às vezes se expressa por meio do corpo, como dores de cabeça e problemas de estômago."

=> Nunca tinha pensado nisso... eu realmente não costumo sentir raiva. Nem mesmo quando penso no abuso... eu sinto vergonha e não raiva deles... tenho pelas pessoas desprezo, indiferença, mágoa... não raiva. Talvez seja por isso tb que sou superficial emocionalmente. De repente até minhas dores de cabeça e estômago são essa raiva somatizada...

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 10, 2006 ¤ (0) 9.12.06

Segunda-Feira, 20/09/2004, 23h30

O final de semana foi uma bênção, é bom demais ver o que Deus está fazendo na igreja, através das nossas vidas, mesmo no meio dessa "revolução" interior que estou vivendo. A novidade de hoje é que separei várias partes deste diário pra dar pra Sandra ler. Nâo sei porque, mas me deu vontade... tem algumas coisas que eu queria compartilhar com ela mas na hora de falar eu não consigo expressar direito, escrevendo é mais fácil. Vamos ver no que dá isso né?

Continuando a leitura do livro, vou falar agora sobre os danos causados pelo abuso nas minhas minhas emoções. Lembrando que, é óbvio, todas essas áreas se relacionam e influenciam umas às outras!!!

MEDO
"É a resposta central ao sentimento de impotência causado pelo abuso. Ele se torna um modo de vida. O perigo e o terror nos impelem para que nos protejamos."

=> O medo de ser agredida novamente fez eu me afastar do meu avô e tio e, inconscientemente, de todas as pessoas... "O trauma nos leva a perder a capacidade de sentir e entender sem medo. Quando nos percebemos como fracos, desamparados e dependentes, ou quando nos achamos negligenciados e/ou prejudicados, muitas vezes deixamos de ter sensações e sentimentos. Assim como nos desconectamos do nosso corpo, podemos também nos desligar das nossas emoções. Normalmente, a intensidade emocional associada ao trauma é tão poderosa que subjuga qualquer capacidade normal de suportar sentimentos."

=> Sem sombra de dúvida, isso acontece comigo. Eu não consigo sentir a ausência de pessoas com quem não convivo mais. Creio que por não suportar os sentimentos, a melhor proteção pra mim era não senti-los. "Quando os sentimentos se tornam insuportáveis, torna-se necessário o alívio ou uma trégua através dos comportamentos compulsivos (faxinas, exercícios, comer, sexo)"

=> Também experimentei e tenho ainda experimentado uma rota de fuga, de alívio quando os sentimentos se tornam insuportáveis, mas são coisas que ainda não consigo publicar. "Muitos de vocês nunca se sentiram suficientemente livres ou seguros até mesmo para articular o fato de que estão com medo. Anote algumas das coisas que você tem medo.

=> Talvez seja mais rápido falar sobre o que eu não tenho medo... são tantas coisas que me dão medo... vou tentar falar sobre elas:

=> Tenho medo de: me expor; de que as pessoas saibam o que eu sou (a parte podre) e me rejeitem; que me achem imatura; que meu pai morra sem eu ter conseguido falar com ele e dizer que o perdôo, que o amo e pedir o seu perdão; de ter que falar sobre o abuso com meu avô ou com qualquer outra pessoa da minha família; de nunca encontrar alguém e formar uma família; de não conseguir demonstrar amor para meu marido e filhos; de fazer as pessoas sofrerem; de que as pessoas não confiem em mim; de conversar com a minha mãe sobre as coisas que ela fez e reconhecer quando ela me machucou (isso acabaria com ela, faria ela sofrer muito); de fazer meus filhos (ou qualquer outra pessoa) sofrerem como meus pais e minha família toda fizeram; de ter que voltar agora a conviver com meu avô (depois de exposta a ferida vai ser quase impossível estar diante dele e não demonstrar nenhum sentimento com relação ao abuso); de amar alguém e não ser correspondida.

=> Bom, acho que sou capaz de ficar a noite toda fazendo essa lista, mas preciso dormir. Deu pra perceber né que o que não falta é medo!!!

¤ Por: ¤ sábado, dezembro 09, 2006 ¤ (0)

Depois de mais um tempinho sem postar, estou de volta. Agora com a continuação do meu diário, aquele que comecei no ano passado e ainda estou digitando. Espero que ajude vocês na busca pela cura. Precisando de qualquer coisa é só entrar em contato!!!

Domingo, 19/09/2004, 01h15

Hoje eu finalmente conversei com a Matilde. É incrível como é difiícil falar sobre isso!!! Sinto que mais uma vez fiz a vontade de Deus. No momento em que eu pensei em desistir de contar, em desistir de ser curada, lembrei do que me encorajou a entrar nessas feridas. O desejo ardente por mais de Deus, pela abundância daquilo que Ele tem pra mim.

É verdade que eu ainda não expus todas as coisas, tem "aquelas" outras questões... a verdade é que eu ainda não consegui me expor desta forma nem pra Sandra nem pra Matilde. Essa história do abuso me fez enxergar uma porção de coisas podres que tenho ainda que tratar. Mas por hoje... é isso!!! Consegui dar mais um passo. Voltando a análise dos danos causados ao meu corpo, vou responder às perguntas. "Jesus, quando foi crucificado, teve seu corpo submetido à humilhação e exposição. Ele teve suas vestes arrancadas, sofreu violência. O que isso tem a lhe dizer quando você luta contra seu próprio abuso, contra sua própria vida no corpo?"
=> Pensar em Jesus sendo humilhado e abusado em seu corpo me faz entender a imagem que Deus me mostrou, sobre como Jesus estava no momento do abuso contra mim. Eu pude "ver" Jesus me olhando com compaixão, como quem sabe o que estou sentindo e se entristece com a minha dor. "Você expressa seu caráter por meio do corpo. Não consegue expressar seu caráter sem um corpo. Que caráter é manifesto por intermédio do seu corpo? Você aprendeu tão bem as lições que manifesta o caráter de seu abusador pela maneira com que trata de seu corpo? Ou será que o medo manteve você preso com tanta formeza que você manifesta o caráter de uma vítima mesmo depois que deixou ser vítima?
=> Cruéis essas últimas perguntas. Não sei que caráter tenho demonstrado com o meu corpo. Acredito que seja o de uma vítima; mesmo depois de tanto tempo continuo com as mesmas formas de autoproteção (abstração, apatia frente aos eventos da vida) que entraram em ação na época do abuso.

¤ Por: ¤ sábado, dezembro 09, 2006 ¤ (0) 7.12.06

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Olá!!! Sei que estou em falta com vocês, meus queridos amigos e leitores do meu blog. Essas duas últimas semanas não estava em condições de postar nada, várias coisas aconteceram comigo... sabem como é né, a gente que sofreu com abuso sexual as vezes ainda enfrenta umas crises com as consequências dele, e mesmo eu já estando bem melhor as vezes tenho umas recaídas. Mas não vejo isso como ruim não, porque as crises nos fazem crescer. Em breve eu escrevo aqui sobre as coisas que aprendi esses últimos dias, junto com o monte de outras coisas que ainda tenho q escrever pra vcs.

Hoje eu estou fazendo esse post especialmente pra dizer que recebi um e-mail de uma pessoa da imprensa que está fazendo uma reportagem sobre abuso sexual na infância. Como vocês sabem, eu ainda não posso mostrar minha identidade, apesar de querer muito... mas se alguém de vocês tiver interesse em ser entrevistado, entre em contato comigo q eu te indico pra pessoa que está cuidando da reportagem. Vejam qual o foco, e se alguém desejar participar é só me avisar ok?

O foco de nossa matéria é nas histórias de pessoas adultas, vítimas na infância, e que conseguiram superar o trauma. Nossa intenção é mostrar uma luz no fim do túnel para vítimas que estão sofrendo caladas, sem esperanças de ter uma vida equilibrada e longe da depressão. Queremos levar um alento e despertar o desejo de superar a dor. Preciso encontrar pessoas em outras regiões e estados (fora SP), que aceitem não só falar, mas mostrar o rosto, numa atitude bastante corajosa, mas condizente com quem de fato virou a página e deseja ajudar outras vítimas.

Por hoje acho que é isso. Continuem comentando, é muito bom saber o que vocês acham do meu blog, o que vocês acham da minha vida... estou amando conhecer todos vocês!!!


¤ Por: ¤ quinta-feira, dezembro 07, 2006 ¤ (1)

Sexta-Feira, 17/09/2004

Agora vou entrar numa parte do livro que trata dos danos específicos em cada área, e como pode acontecer a cura em cada uma delas. Pra começar, quero descrever a percepção que tive do meu corpo. Lembro que com 9 ou 10 anos as pessoas começaram a notar meus seios crescendo e falavam pra usar soutien, essas coisas. Nessa mesma época é que meus seios foram tocados de forma indevida.

O resultado disso foi uma imensa vergonha dos meus seios. Só usava camiseta, quanto mais largas melhor para escondê-los. Na verdade acabava escondendo todo o meu corpo. Talvez porque eu tivesse a imagem de que se eu o escondesse as pessoas não veriam meu corpo de mulher e, não vendo, não o desejariam. Uma proteção para que meus seios nunca mais fossem tocados. Infelizmente eu acabei conseguindo. Durante toda a minha adolescência os garotos não olhavam pra mim. Eu não me arrumava, não tinha nenhuma vaidade e detestava me olhar no espelho...

"O abuso sexual danifica o corpo e a maneira como você pensa nele. Viver em um corpo que suscita recordações que você gostaria de esquecer é sentir-se horrivelmente capturado. Acontece que o seu corpo é permanente. Seu corpo lhe dá uma sensação de espaço. O abuso impede que as crianças aprendam os limites, nem que podem dizer não. Você é proprietário de seu corpo. Ao ter seu espaço invadido a criança desenvolverá uma atitude de persistência que lhe ensina a encontrar um caminho para sobreviver ao que acontece. É difícil cuidar de um corpo do qual você se sente tão desconectado."

"Tendemos a ter sentimento de vergonha quando fazemos algo desonroso ou quando algo desonroso foi cometido contra nós. Quando sentimos vergonha queremos nos esconder. Como você se esconde de seu próprio corpo?"

Acho que eu me escondi de meu dorpo de duas formas: usando roupas que o escondiam, evitando o espelho... e simplesmente não me importando com a aparência dele. Estava engordando mas não fazia nada para controlar isso, afinal, o corpo era o de menos, e me consolava dizendo que quem gostar de mim tem que ser pelo que eu sou, não pelo exterior!

"Talvez você tenha crescido carente de afago, e a única vez em que você o experimentou foi durante o abuso. Você ansiava pelo contato físico e se sente traído por esse desejo"

Existe um desejo profundo no meu ser de obter contato físico com as pessoas, de receber carinho... imagino que tb deveria ser assim quando eu era criança. Não tenho lembranças de estar no colo de alguém recebendo cafuné, afago... será que as pessoas em geral se lembram dessas coisas? Não que eu tenha sido agredida, e tal... a impresão que eu tenho é que eu era ignorada quando criança...

Por muito tempo eu acreditei que meu corpo é "lixo inútil", sem valor algum. No auge da crise no ano passado eu acabei com ele, comi muito e muito mal, engordei muito... olhar no espelho era torturante, me fazia lembrar de quão acabada eu estava. Entendo que a cura começou nessa área no ano passado, mesmo antes de ohar essas coisas através do abuso. Foi uma decisão profunda a de emagrecer. Precisei olhar para o meu corpo, ver que estava acabado e decidir mudar. Algumas pessoas disseram que eu fiquei diferente depois de emagrecer, mais alegre, mais solta... acho que deve ser isso mesmo, pois me sinto bem melhor qdo estou bonita!!!

Em resumo, creio que estou aprendendo a conviver com o meu corpo. É verdade que ainda não gosto dos meus seios. Mas pelo menos agora eu não tento escondê-los, e até os acho bonitos qdo coloco uma blusa mais justa. Eu precisava me reconectar ao meu corpo, e agora sinto que meu corpo tem sido expressão verdadeira da minha pessoa. O fato de eu ter emagrecido já fez com que eu me reconectasse.

Mesmo tendo melhorado eu percebo que em dias que estou meio tristinha eu não me arrumo muito. É um ciclo: eu sinto, dói... e eu me visto mal. O que preciso fazer para quebrar isso é agir de forma contrária. Vou tentar. Quando eu sentir alguma coisa que venha a me trazer dor, ao invés de não me arrumar vou sair de casa ainda mais linda, arrumada, maquiada... e assim quebro esse mecanismo de defesa autodestrutivo.


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Quinta-Feira, 16/09/2004, 00h40

"Famílias em que acontece o abuso são confusas sobre os papéis dos indivíduos. Espera-se que as crianças satisfaçam a necessidade dos pais ao invés do contrário. Os filhos assumem o cuidado com os pais."

=> Percebo claramente como isso é presente na minha família. Papéis de homem x mulher totalmente distorcidos pela sequencia de divórcios na família. O que mais me machuca é a inversão de papéis de mãe e filha. Isso eu creio que teve início muito cedo, eu me sentia (e sinto ainda) responsável pelo bem estar emocional da minha mãe. Com 3 anos eles me perguntaram com quem eu queria morar e não pensei em mim na hora de responder. Fiquei analisando qual deles sofreria mais com a minha ausência. Não sei exatamente como, mas fica claro que a mensagem passada pra mim era de que eu era responsável por eles. Esse é o motivo de várias das minhas crises. Ainda hj me sinto responsável por meus pais. Se saio de casa fico pensando que minha mãe vai sofrer por estar sozinha. Pelo meu pai eu sinto uma certa culpa por nunca ter conseguido dizer que o amo. Eu parecia não me importar, mas na verdade me sentia responsável (e culpada) pelo sofrimento dele por causa da minha ausência. Aliás, com a minha mãe tb é assim, eu me sinto responsável por ela mas não demonstro.

"Famílias em que ocorre o abuso emitem mensagens destrutivas: não pense, não fale, não sinta. Essas crianças são carentes e desesperadas por atenção. Aprenderam como entorpecer os sentimentos e continuar como se nada terrível estivesse acontecendo."

=> Essas mensagens creio que foram passadas para mim de forma subjetiva; por atos, e não por regras declaradas. Minha mãe não falava comigo das coisas difíceis pelas quais estávamos passando, não me ensinava a pensar, a sentir. Ela deveria ter me estimulado a falar sobre a saudade que tinha do meu pai, mas ela nunca me perguntou como eu me sentia. Aprendi a continuar a vida como se nada tivesse acontecendo.


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"O abuso na infância é especialmente traumático porque as crianças aprendem de adultos que lhes contem a verdade sobre as coisas da vida: nomear objetos, e tb coisas mintangíveis como bom, ruim, certo, errado, amor, etc. Com os adultos provedores de cuidado as crianças aprendem a como se conduzir nos relacionamentos. Também aprendem com eles sobre seu corpo e sua identidade sexual"

"Agora imagine o que acontece a uma pequena menina que nunca foi tocada exceto qdo era sexualmente violentada?"

"Da mesma forma dependem de adultos para ensiná-las sobre competência, autoconfiança, criatividade e iniciativa. Mas o que acontece qdo seres humanos pequenos, imaturos e não muito seguros de si são ignorados, injuriados e esmagados?"

=> Quero agora considerar a minha família em relação a tudo aquilo que aprendi, quais foram as mensagens enviadas (mesmo que subjetivamente) e considerar se aquilo que foi ensinado é de fato verdade ou não. Enquanto não declarar o que sei não posso descobrir o que é mentira e o que é verdade.

"Enquanto essas mentiras permanencerem ocultas, elas exercerão uma poderosa influência sobre sua vida".

*paizinho querido, apenas pelo que eu li até agora já sei que essa parte vai ser bem difícil. São tantas coisas que aprendi errado na família, tantas situações que causaram dor... mas mesmo assim eu venho pedir que o Senhor exponha a verdade sobre o que aprendi sobre a vida. Traga à minha memória situações traumáticas que têm influência sobre a minha vida para que elas não tenham mais poder sobre mim. Amém!!!


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Quarta-Feira, 15/09/2004, 19h30
"Trauma = ferida: um evento traumático é aquele em que as capacidades habituais de defesa das pessoas são subjugadas e inúteis"
=> Penso que os meus métodos de defesa até funcionaram, já que me distanciei dos agressores física e emocionalmente. O problema é que não me distanciei somente deles, mas de todas as pessoas
"As feridas inlfigidas pelo abuso sexual ameaçam destruir seu senso de segurança, sua fé e noção de si mesmo."
*Deus, neste momento eu peço que o Senhor traga a revelação de toda verdade sobre a extensão da ferida, sobre as maneiras de controlá-la, sobre minhas percepções da ferida e sobre minha imagem de Deus
=> Eu não tinha nenhuma pessoa que me oferecesse segurança suficiente para eu revelar o abuso. Não confiava em ninguém e tb decidi resolver tudo sozinha. Isso pode ter afetado a minha imagem de Deus. Ninguém era digno de confiança, nem Deus. Ninguém era capaz de me ajudar, logo Deus tb não era. Claro que é tudo bem inconsciente, mas de certa forma continua presente até hj, embora eu seja mais capaz de identificar isso e combater.
"Obtive sucesso em meus esforços de ocultar a verdade diante de outros. As pessoas me viam como uma menina quieta, gentil, que prestava atenção em seus próprios interesses de forma a aparecer em meio ao cenário. Temendo o que poderiam descobrir se realmente chegassem a me conhecer (a pequena menina suja, arruinada e desagradável) ocultei deliberadamente quem eu era. Até mesmo enganei a mim mesma. Já não sabia quem era."
=> Parece escrito por mim o parágrado acima... tb sou mestre em ocultar quem eu sou e o que eu sinto!!!
Gente, o programa da Silvia Poppovic ontem foi muito bom, se vc ainda não assistiu ainda tem uma chance, vai passar de novo amanhã, sábado, as 18h, TV Cultura. Não percam, são informações e histórias que valem a pena ouvir!

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quinta-feira, 7 de julho de 2005

Oi gente! Estou muito feliz com todas vcs que tem entrado aqui, algumas amigas que fiz essa semana no MSN, enfim... espero poder ajudá-las a superar pelo menos um pouquinho essa dor que é tão grande !!! Lembra daquele programa de TV que falei que não tinha coragem de participar? Então, ele vai ao ar HOJE, na TV Cultura, 22h. É o programa da jornalista Silvia Poppovic, vai falar sobre abuso sexual. Pelo que eu saiba vai falar uma pessoa que foi abusada sexualmente pelo pai na infância e hj tem um projeto com crianças que passaram por isso. E tb estará lá uma amiga do orkut, que eu indiquei pra participar (já que não tive coragem de ir ). Ela disse que o programa foi bom, que vale a pena assistir (foi gravado ontem). Então, é isso: HOJE, 22h, TV CULTURA - assistam !!!!!!!!!

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Terça-Feira, 14/09/2004, 23h50
Não vou falar novamente sobre os tipos de abuso sexual pq já escrevi e li bastante sobre isso, e já encontrei onde o meu caso se caracteriza. Entendo que preciso entender o dano original e o prejuízo que cada um dos danos causou em minha vida. Vou escrever apenas sobre alguns termos que ainda não tinah lido e entendido.
*Deus amado... quero que o Senhor me ajude a partir de agora a dizer (lembrar) a verdade sobre o que aconteceu comigo. Quero dizer (lembrar) a verdade sobre as minhas reações ao abuso. É muito difícil expressar os sentimentos tão horríveis, mas eu sei que o Senhor usará essa verdade pra me trazer à liberdade completa.
gatilhos => qualquer coisa que leva vc a lembrar do abuso. Podem ser coisas que vc vê, em certo tipo de toque, ou lugares específicos
retrospecto => recordação que traz a sensação de que vc está realmente de volta ao tempo e o lugar do abuso
pesadelos => partes e peças do abuso entrelaçadas com sonhos comuns
dissociação => maneira mental e emocional de se afastar do presente prejudicial e perigoso
=>Ao ler essas definições passei então a procurar na memória como essas palavras se aplicam à minha história. O que me leva a lembrar do abuso? Nos primeiros dias das minhas reflexões sobre o assunto deus me deu um entendimento sobre o conceito que eu tinha de "colo"... só me lembro de estar no colo de alguém em momentos de abuso. Logo, qdo me sinto fragilizada, querendo colo, sou levada a pensar:
fragilização = exposição = abuso
Então, ao sentir a exposição de minhas fragilidades automaticamente entram as minhas reações de autoproteção.
=> Outra coisa que me lembra o abuso é quando as pessoas não levam em consideração o que eu sinto e não ouvem o que eu falo. Qdo meu avô tocou meus seios eu tirei a mão dele e falei que não queria, mas ele ignorou e continuou com a mão lá... essa pode ser a ligação que faltava entre o abuso e as minhas crises com a minha mãe. Cada vez que ela age como se não se importasse com o que eu penso, me sinto como na situação de abuso: humilhada, rejeitada, sentenciada - se não adianta falar, pra que perder tempo? Por isso não acostumei a falar o que penso e sinto... ninguém se importa mesmo...

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COMO VC SE SENTE CONSIGO MESMO?

No momento em que falei eu me senti péssima. Era muita, muita vergonha. Vergonha acho que por ter estado tão vulnerável e m pemitir estar ferida ainda depois de tanto tempo. Em compensação, depois eu me senti livre. Como se tivesse sido arrancado um peso da minha alma, como se os mutos estivessem começando a cair. Me senti vitoriosa por ter conseguido vencer a vergonha e contar

COMO VC SE SENTE EM RELAÇÃO AO ABUSADOR?

Não sei como me sinto com relação a eles... não é ódio... talvez uma certa mágoa e até raiva pela covardia e insensatez... mas acho que a indiferença é que mais caracteriza o que sinto. Não tenho a menor vontade de tirar satisfação, denunciar, "acabar" com ele por causa do que fez (embora acho q merecia isso). Também não tenho a menor vontade de perdoar, de voltar a ter um relacionamento próximo. Continuo o cumprimentando por obrigação qdo por obrigação qdo encontro. Imagino que ainda vou me sentir mal com seu abraço, mas não posso ter certeza até que a gente se encontre nomente. Mas tb não tenho vontade de encontrá-lo. Sinceramente, acho que prefiro continuar agindo como se ele não existisse, como uma figura do meu passado apenas.

O QUE VC TEME QUE ACONTECERÁ COM VC?

Tenho medo de ser exposta. Medo que a cura que Deus quer ministrar seja muito dolorosa. Tenho medo do momento em que vou ter que conversar e pedir perdão pro meu pai e pra minha mãe... vou ter que me expor, falar de sentimentos profundos que eu não quero que sejam conhecidos. Eu sei que esse é o certo a ser feito, mas eu não quero, tenho muito medo disso. Eu vou ficar exposta diante deles, fragilizada. Terei que me desfazer da máscara de fortaleza e segurança. Eu tremo de medo só de pensar nisso acontecendo!!!


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Terça-Feira, 14/09/2004, 18h30

O QUE ACONTECE DEPOIS DE VOCÊ CONTAR SUA HISTÓRIA

Interessante escrever sobre o que eu senti depois de contar a minha história de abuso. Ainda que eu não tenha contado os detalhes, só o fato de citar que "meu avô tocou nos meus seios" desencadeou tantos sentimentos confusos que fica difícil explicar. O abuso aconteceu quando eu tinha cerca de 9 anos; 14 anos se passaram até que eu falasse sobre isso mas eu sinto vergonha como se tivesse sido ontem. Eu não consegui falar isso olhando pra Sandra... na verdade não queria falar mas sabia que precisava falar para ser curada, então lutei contra mim mesma. Eu achava que seria insuportável desenterrar isso, mexer nessas feridas... mas na verdade depois que falei e a ferida se tornou mais real ela já não parecia tão insuportável e invencível.
Durante esses 14 anos eu pensei que jamais falaria sobre isso com alguém. Quando estava num culto e ouvia alguém testemunhando sobre abuso sexual (como ouvi da Helena Tannure) eu me identificava, chegava a sentir o trabalho do Espírito Santo no meu coração, mas antes mesmo de sair da igreja eu já pensava que não era tão grave assim o que aconteceu comigo, que isso não tinha causado nenhum dano na minha vida. Mas todas as vezes que se falava de abuso sexual eu me lembrava do ocorrido.
Diante disso percebe-se como foi difícil "revogar" a decisão de nunca, jamais falar sobre o que aconteceu com ninguém. Uma verdadeira revolução interior aconteceu no momento em que falei. Um misto de vergonha e alívio, e até um certo orgulho por ter conseguido romper a barreira e falar. É verdade que eu não conseguia encarar a Sandra nos dias que se seguiram àquela quinta-feira... eu olhava pra ela e pensava: meu, que vergonha, ela sabe... como se ela me visse e logo lembrasse do que contei, pensando: nossa coitada da Princesinha, ela precisa ser curada!!!

¤ Por: ¤ quinta-feira, dezembro 07, 2006 ¤ (0) 3.12.06

Vou dar uma parada na análise do livro "Lágrimas Secretas" e começar a ler e comentar o "No limiar da esperança", que chegou hj.

COMO É COM VOCÊ? COMO SEU MUNDO FOI ALTERADO PELO ABUSO QUE VC SOFREU?

=> É difícil definir como meu mundo foi alterado, mas às vezes penso q eu poderia ter sido uma pessoa menos fechada, que gostasse mais de mim; não sei até que ponto isso foi decorrência do abuso ou se foi a separação dos meus pais... no geral, eu acho que me fechei para relacionamentos, acabando por ser extremamente forte em todas as situações.

QUE CARACTERÍSTICAS SE DESENVOLVERAM EM VC EM DECORRÊNCIA DE SUA LUTA PARA SOBREVIVER?

=> As mesmas que me faziam forte para superar as dificuldades e me fazem forte para me fechar para as pessoas: resistência, força, determinação, coragem; enfim, sou uma muralha - forte e impenetrável!!!


O QUE O MANTEVE VIVO QUANDO VC QUERIA DESISTIR?

=> Não sei se eu quis exatamente desistir... mas o que me manteve viva foi a "dissociação" - não expressava qualquer emoção, ignorava, não respondia às perguntas... era como se não fosse eu, não sei explicar...

"Se vc sofreu abuso sexual, um dos resultados em sua vida é que você foi silenciado. Sua voz foi esmagada. O medo deixou vc sem palavras"

=> O medo de causar mais brigas na família fez com que eu me calasse. O medo de que acontecesse de novo fez com que eu me afastasse (emocionalmente e fisicamente) dos meus agressores. É incrível... é por isso que eu fico sem palavras sempre que tenho medo.

"Na tentativa de sobreviver, vc tb aprendeu a mentir, distorcer e enganar. Você finge que está bem quando está morrendo por dentro. Você diz que não foi grande coisa, quando seu íntimo foi rasgado em pedaços. Você distorce os fatos para que não pareçam tão mal assim."

=> Aprendi a fazer tudo isso, a dissimular meus sentimentos; eu morri de vergonha depois dos 2 episódios, mas agi como se estivesse tudo normal; tive muita raiva dos dois por tocarem meus seios, mas falava pra eles que estava tudo certo. E assim eu cresci, sempre dissimulando meus sentimentos, como se eu fosse indiferente aos acontecimentos da vida, nunca demonstrava qualquer reação emocional. Meu, ninguém me viu chorando quando meu pai mudou pra outro estado... eu fui forte e me mantive firme até o momento em que fiquei sozinha.

=> Nesse momento o livro me encoraja a escrever a minha história. Vou pular essa parte pq ela já está escrita, já se tornou em palavras qdo escrevi e depois qdo contei para a Sandra.

Se vc ainda não escreveu a sua história, tente fazer isso agora. Vai ver como as coisas se tornam mais claras e é mais fácil entender o que aconteceu. Experimente!!!

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 03, 2006 ¤ (1)

quinta-feira, 30 de junho de 2005

Oi gente!!! Hoje pela primeira vez eu senti vontade de conseguir contar a minha história pra todo mundo que eu conheço: amigos, família... todos, sem exceção. Vocês não vão acreditar: eu fui convidada pra participar de um programa de TV que vai falar sobre o assunto, mas eu não posso pq não tenho coragem de mostrar a minha cara.
Seria uma oportunidade única de expor todas as coisas q já aprendi sobre os meus sentimentos, tal... mas eu ainda não consigo...
Bem que eu poderia ser pelo menos um pouco menos covarde...

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 03, 2006 ¤ (0)

Segunda-Feira, 13/09/2004, 19h

REVELAÇÃO
"Aquilo que mais odiamos dentro de nós é o nosso desejo de sermos queridos e apreciados. O abuso se funde aos desejos sinceros do coração. Desejos se misturam com abuso, o abuso gera vergonha, e esta se relaciona de modo profundo com o ódio pela própria alma da pessoa. Qualquer abuso significativo leva a vítima a desprezar o propósito para o qual foi criada: relacionamentos profundos, prazerosos e eternos com Deus e com os outros."
=> Talvez seja por isso que não consigo me relacionar profundamente com as pessoas, e penso que tb com Deus ainda exista como ir mais fundo mas eu não consigo aprofundar o relacionamento!
"A vergonha indevida vem quando falhamos em alcançar aquilo que nosso coração almeja (os desejos que refletem nossa dignidade) e qdo achamos que falhamos em alguma coisa. A vergonha legítima vem da humilhação bíblica. É o reconhecimento de nosso estado de desespero e a resposta à nossa deplorável condição de rebeldia, merecedores que somos da condenação e morte."
"O evento que inicia o processo e a vergonha dele resultante é pior que ser rejeitado, pq a rejeição pode simular o caminho através do qual podemos ser aceitos novamente. O medo envolvido na vergonha é o do exílio ou abandono permanente. Aqueles que virem nosso interior reprovável ficarão tão enojados que seremos tratados como leprosos proscritos da sociedade para sempre."
=> Tenho descoberto muitas coisas horríveis dentro de mim: ódio, raiva, rebeldia... não me agrada imaginar as pessoas sabendo dos meus pecados
"A vergonha é o resultado de uma falha de confiança. Confiança é a entrega da alma a uma pessoa com a esperança de que ela não será usada de modo a causar-lhe algum dano. Quando não há confiança, normalmente não se experimenta a vergonha, ainda que nossa corrupção ou dignidade sejam expostas"
"A vergonha é vivida diante daquele a quem nomeei meu juiz. Dar esse privilégio a alguém que não seja Deus é idolatria."
"O homem que sofreu um abuso sexual normalmente deposita sua confiança em si próprio após ter sofrido o abuso. Ele desenvolve um conjunto mental de invulnerabilidade de forma a compensar o momento assustador em que ele esteve extremamente impotente."
"Desenvolve uma atitude de controle e invulnerabilidade recusando-se a sentir qualquer emoção ou demonstrar fraqueza e intimidade (não sexual) com outra pessoa. Sua conduta é sempre fria, dura e controlada. A mensagem era clara: fui violado certa vez e nunca mais vou me permitir perder o controle; nunca mais demonstrarei impotência na presença de outra pessoa."
=> Essa sou eu: não demonstro fraqueza e impotência e jamais perco o controle de mim mesma!!!

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EXPOSIÇÃO
"A exposição leva à vergonha. A resposta natural de um coração autônomo (independente e confiante em si mesmo) é esconder-se atrás de folhas de figueira, ou de algum arbusto que seja conveniente. Como resultado da queda, rejeitamos a idéia de nos colocarmos vulneráveis diante de Deus e dos outros; desta forma, achamos incontáveis maneiras de fugir da presença do Senhor e de sermos vistos."
"Todas as nossas defesas, disfarces e dissimulações pessoais são reunidas com o objetivo de não sermos descobertos, pois ser descoberto é ser flagrado nu e sem defesa."
=> Na verdade eu sempre detestei me expor, nunca soube bem o motivo... imagina, as pessoas saberem dos meus pecados mais íntimos. Mais que isso, pra mim é difícil me mostrar sem defesa pras pessoas, expressar os sentimentos, demonstrar fraqueza... minha tendência é sempre querer ser forte, aquela que suporta qualquer situação, que está sempre pronta para ajudar os outros... tenho q ser a responsável, que está bem com Deus (pelo menos aparentemente) e por isso não posso, não consigo demonstrar e falar sobre aquilo que tem de mais podre no meu coração. Eu acabo me esquivando de um relacionamento mais íntimo com as pessoas.
"Para evitar o constrangimento de causar desconforto a outras pessoas, o apoio falso daqueles que não entendem o dano interior e, pior, a sutil sugestão de que foi sua culpa, parece melhor se esconder embaixo de um manto de negação.
" Por hoje acho que é isso. Sei lá, não estou conseguindo por em ordem meus sentimentos com relação ao abuso, talvez seja sono... mas continuo disposta a encarar de frente esse assunto, e peço a Deus que me direcione, coloque pensamentos na minha mente pra que eu possa viver em abundância... sabe, hj estava pensando que Deus pode querer me usar pra falar sobre o abuso com outras pessoas... e eu quero ser um vaso disponível nas mãos de Deus.
Isso mesmo Pai, continua fazendo em mim as mudanças necessárias pra que eu esteja apta a cumprir os Seus propósitos. Eu permito que o Senhor invada os meus sentimentos mais profundos e traga a tona o que precisa ser sarado. Mesmo que isso traga dor, eu suporto passar por ela se for pra que eu possa viver tudo o que tem preparado pra mim.

¤ Por: ¤ domingo, dezembro 03, 2006 ¤ (0)

Oi gente! Finalmente estou de volta com mais algumas anotações do meu diário, consegui "resgatá-lo" novamente. Quero agradecer a todos os comentário de vocês aqui, é bem legal saber que de uma situação triste como a do abuso sexual posso ajudar outros a superar, assim como eu tenho superado.
Quinta-Feira, 09/09/2004
VERGONHA: O TEMOR DE SER CONHECIDO
"Somos tentando a não consoderar a vergonha como um problema, mas ela tem o poder de tirar nosso fôlego e colocar no lugar aquele ar viciado de condenação e repulsa. Ao contrário de certos sentimentos que perdem sua força quando expressos em palavras, a vergonha tende a se intensificar ao ser reconhecida."
=> Compartilhar o fato do abuso com a Sandra me fez reviver um sentimento de imensa vergonha. Achei que não tinha revivido os sentimentos enquanto conversava com ela, mas agora vejo que revivi uma vergonha profunda... "Desde aquele momento, decidi não fazer nada em que houvesse algum tipo de exposição"
=> Não sei ainda em qual momento decidi não me expor, mas essa palavra - exposição - tem tudo a ver com o tratamento que Deus tem feito na minha vida. Lembro de uma palavra que ouvi uma vez, em que Deus me respondia que a muralha que me impedia era o medo da exposição. E na verdade eu nunca venci esse medo, detesto estar exposta ao julgamento das pessoas.
"A pressão por fazer coisas e sair-se bem pode ser vista como o desejo de não falhar, pq cada falha acaba na dor da vergonha."
=> Sinceramente... eu detesto errar! Não suporto ser chamada atenção, faço de tudo pra isso não acontecer. Até com Deus, me sinto tão envergonhada dele quando erro que fico tentando fugir da Sua presença, como Adão e Eva. Só não sabia que isso tinha sido causado pela vergonha...
"Porque uma mulher que tenha sofrido abuso sexual sente vergonha por algo que não é culpa dela?

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AMOR INCONDICIONAL
"A medida do amor é amar sem medida"
Passei os últimos dias meditando nesse negócio de amar incondicionalmente. Descobri que ainda não sei amar as pessoas como Deus deseja que amemos. O que significa amar incondicionalmente?
Depois de muito chorar e pensar... finalmente entendi que amar incondicionalmente é amar sem esperar nada em troca. Dar carinho e atenção sem receber o mesmo de volta, e ainda assim continuar confiando e amando... isso é muito difícil, mas estou aprendendo.
Também não acho mais que ninguém se importa comigo. Deus me curou de mais essa ferida, no último sábado. Foi lindo... descobri o motivo pelo qual eu me sentia assim, desde criança. Perdoei... pôxa isso tudo é tão bom...
Vejo que têm entrado aqui muitas pessoas que olham minha comunidade no orkut, acho isso muito legal, era esse mesmo o objetivo do blog. Quem quiser entrar em contato comigo mas não quizer se expor (o orkut tem esse problema, todo mundo pode ver nossas mensagens) sinta-se a vontade pra me escrever, no guerreiravencedora@hotmail.com ficarei muito feliz com as mensagens, e mais ainda se puder ajudar alguém que passou o mesmo que eu, ou coisas semelhantes (afinal o abuso sexual é apenas uma das muitas formas de abuso que podemos sofrer).

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sexta-feira, 3 de junho de 2005
REFLEXÕES
Esses dias tenho pensado muito em todas as coisas que tem acontecido no meu coração. Sabe, foram muitas mudanças em muito pouco tempo, acho que nem eu mesmo sei lidar com as coisas novas que estou sentindo. Tem idéia do que é passar anos sem sentir nada plenamente, sem demonstrar tristeza, afeto... nunca soube o que é ciúme, saudade, sentir falta de atenção das pessoas que ama...
Aí agora eu sinto tudo isso mas não faço idéia de como lidar. Fico mal, porque no fundo eu acho que ninguém me ama de verdade. Sério mesmo, as pessoas até tentam me amar, acham que me amam, mas não me amam de verdade. Pior que minhas melhores amigas ficam mal por eu sentir isso, e eu fico mal por saber que elas estão mal por minha causa. Mas é um sentimento que não consigo controlar. Sabe, eu tento colocar na minha cabeça que as pessoas gostam sim de mim mas eu não consigo.
Porque tudo isso? Assim, durante esses últimos anos eu tenho vivido uma nova forma de me relacionar com as pessoas. Pela primeira vez eu consegui confiar nas pessoas e mostrar quem eu sou de verdade. E sinceramente acho que elas não gostaram do que conheceram, pq acabaram me abandonando, ignorando o que eu sinto. Antes eu não esperava nada das pessoas assim não me decepcionava. Hoje eu espero das pessoas, e quando não recebo o que esperei é bem difícil de lidar.
Resumindo, penso que o melhor é me manter distante. Assim não machuco ninguém e ninguém me machuca. Sei que isso vai me deixar triste, mas como estou triste de todo jeito... pelo menos fico triste sem deixar ninguém mal por isso. Bom, não escrevi coisa com coisa, mas é isso. Assim que pegar meu diário de volta digito mais algumas coisas sobre o abuso sexual

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Estou já a um tempão sem atualizar, pior que tenho ainda tanta coisa pra escrever das coisas que eu li sobre o assunto... mas o meu diário não está comigo, emprestei pra uma pessoa... faz um tempão já, acho q está na hora de pedir de volta.
Hoje achei esse texto numa comunidade no orkut, e achei bem legal, tudo a ver com meu momento hoje:
JOGUE FORA SUAS BATATAS
Um professor pediu aos alunos que levassem uma sacola com batatas para a sala de aula. Solicitou que separassem uma batata para cada pessoa que os magoara ou de alguma forma os fizera sofrer. Além disso, eles deveriam escrever o nome dessa pessoa na batata antes de recolocá-las dentro da sacola. Algumas das bolsas ficaram muito pesadas.
A tarefa consistia em, durante um mês, levar a bolsa com as batatas junto de si. Naturalmente as batatas foram se deteriorando com o tempo.
O incômodo de carregar a bolsa mostrava-lhes o tamanho do peso espiritual que a mágoa ocasiona. Bem como o fato de que, ao colocar a atenção na bolsa, para não esquecê-la em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles.
Esta é uma metáfora do preço que se paga por manter as mágoas e decepções junto de si. Quando damos importância aos problemas não resolvidos ou às promessas não cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mágoa, aumentando o stress e roubando nossa alegria. Perdoar e deixar estes sentimentos irem embora é a única forma de trazer de volta a paz e a tranqüilidade.
Jogue fora suas batatas!

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QUEM É O AGRESSOR
"Muitos dos que sofreram abuso sexual tendem a dar desculpas pela ação do agressor ou minimizar os danos causados. O coração machucado não quer se machucar ainda mais com a perda de segurança e estímulo; portanto, o dano é aparentemente minimizado, baseado na afirmação de que o agressor não era ninguém próximo ou que o dano poderia ter sido bem maior."
=> Realmente, sempre me consolei com o fato de que não aconteceu nada de mais, e tb as pessoas não eram exatamente próximas a mim emocionalmente.
"A graduação do trauma relacionado ao abuso depende de uma série de outros fatores, incluindo o relacionamento com o agressor, a severidade da intrusão, o uso da violência, idade do agressor e o período de duração do abuso. Mas, em todos os casos, a beleza e a dignidade da alma foram violadas. Mantidos todos os outros fatores, o dano é diretamente proporcional à ruptura dos laços familiares de proteção e amparo"
"Espera-se de um pai que ele seja um substituto seguro e fidedigno de Deus até que a criança desenvolva a capacidade de ver seu pai celestial como a única fonte de vida perfeita. A dificuldade em confiar será proporcional à falha cometida pelo pai em protegê-la e ampara-la."
=> Talvez esse não seja exatamente o assunto em questão... mas é óbvio que meu pai não foi um substituto de Deus, mas Deus é quem supriu minha necessidade de um pai. Essa talvez seja a raiz da minha falta de confiança em Deus e nas pessoas.
"A pessoa que passou pela experiência de um abuso sexual frequentemente nega o abuso, dá-lhe outro nome ou minimiza seus danos. O inimigo prossegue sem ser reconhecido e corretamente interpretado, de forma que a vítima não consegue enfrentá-lo de modo apropriado."
"A tendência da pessoa que sofre com a dor do abuso é achar que o inimigo a ser vencido é a própria dor e o agressor. Ou ainda o inimigo é a vontade de se sentir desejado e tocado de um modo enriquecedor, de ser amado." "Acontece que, no final das contas, o inimigo é o pecado, essa realidade interna que não vai clamar por Deus numa humilde e submissa dependência."
=> Paizinho querido... te louvo e agradeço por tudo aquilo que o Senhor tem me revelado sobre as minhas emoções, e mais ainda pq está restaurando em mim o desejo pela Sua presença, pela Sua intimidade. Te adoro porque o Senhor tem me ajudado a destruir algumas muralhas em mim!!!"

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A REALIDADE DA GUERRA
"Um problema não pode ser resolvido até que seja encarado. Uma mudança ocorre quando colocamos em palavras aquilo que é tido como verdadeiro: eu sofri um abuso sexual."
"Várias pessoas me perguntaram se eu havia sofrido abuso, e minha resposta foi sempre não. Até que um amigo insistiu e perguntou se eu já havia passado por uma situação na qual tivesse me sentido sexualmente desconfortável, inibido ou humilhado. Surpreendentemente, respondi que: sim, com certeza, e em questão de minutos lembrei-me da masturbação forçada em um acampamento de adolescentes, um convite a uma relação homossexual ao qual rejeitei e uma investida sexual que ocorreu num campo de futebol"
"Com um ar de surpresa ele me perguntou se isso não se encaixa na minha definição de abuso sexual. Fiquei atônito. Não é que eu tivesse esquecido daqueles fatos, mas nunca havia permitido que aquelas situações fossem rotuladas com uma palavra que abrisse a porta para uma investigação mais profunda."
=> Precisei escrever todo esse trecho do livro, pq ele descreve exatamente como as coisas ocorreram no meu coração. Eu nunca me esqueci do que aconteceu, mas daí a classificar como "abuso sexual"...? Ninguém tem idéia da mudança que ocorreu dentro de mim qdo depois de ler esse relato pude finalmente admitir a realidade do abuso.
"O que é abuso sexual? Parece que as pessoas trabalham de forma a achar que tudo o que sofreram não foi abuso, mas, se tivesse acontecido com outras pessoas, ou tivesse sido um pouco mais extremo, então poderia ser considerado como sendo abusivo"
"Caracteriza-se como abuso sexual qualquer contato ou interação (verbal, visual ou psicológica) entre uma criança ou adolescente ou adolescente e um adulto, na qual a criança ou adolescente esteja sendo usada para a estimulação sexual daquele que comete o ato, ou de outra pessoa."
Contato Sexual: envolve qualquer tipo de toque físico que objetiva o despertamento de desejo sexual na vítima ou naquele que comete o abuso.
>muito severo: relação genital, sexo anal ou oral
>severo: contato com a genitália descoberta, incluindo toque manual ou penetração; contato com os seios descobertos; simulação de relação sexual
>menos severo: beijos com conotação sexual; toque com conotação sexual nas nádegas, coxas, pernas ou genitais e seios cobertos.
Interações Sexuais: são mais difíceis de ser reconhecidas pelo fato de não envolverem contato físico e, portanto, não parecerem tão severas.
>visual: envolve interações em que crianças são forçadas ou convidadas a assistir cenas ou imagens que despertam desejos sexuais ou qdo são observadas nuas pelo agressor, de uma forma que excite um adulto.
>verbal: solicitação direta de atividade sexual; sedução (sutil); solicitação ou alusão direta; descrição de práticas sexuais, uso contínuo de linguagem sexual ou de termos sexuais relativamente a pessoas."
Abuso verbal: é uma ferida séria e profunda. Palavras abusivas relacionadas ao sexo causam o mesmo dano de um contato sexual abusivo. O dano potencial derado pela minimização dos fatos ou pelo sentimento de estranheza que o dano causa torna a cura ainda mais dificil para aqueles que sofreram abusos subliminares do que para os que sofreram severos abusos.
=> Descrevi aqui todas as categorias de abuso, pois já que é pra encarar a guerra, então quero saber exatamente o que aconteceu comigo e qual o dano que isso gerou. Ao ler que o toque nos seios está classificado como um "contato sexual severo" fiquei surpresa. Eu não esperava que fosse tão danoso... vou escrever aqui todos os momentos em que me senti sexualmente desconfortável:
- Quando estava no colo do meu vô paterno e ele acariciou meus seios por baixo da blusa (contato sexual severo), enquanto falava que isso que eu sentia era tesão (interação sexual verbal);
- Outra vez no colo do meu vô paterno (penso que depois do episódio anterior) e pude sentir que ele estava tendo uma ereção. Não lembro dele ter me tocado naquele momento, mas estava, no mínimo, exercendo uma interação sexual visual, uma vez que estava me observando de maneira inadequada, obtendo assim prazer sexual;
- Num outro momento estava na praia com um tio (tb por parte de pai). Estávamos brincando no mar, ele me pegava e jogava sobre as ondas. Até que ele tocou nos meus seios qdo me pegou para levantar e jogar (contato sexual menos severo) e eu tirei a mão dele, coloquei-a na minha cintura, e ele falou: ah, deixa eu pegar nos seus peitinhos... (interação sexual verbal)
- Por último, qdo na escola, no parquinho, uns meninos (acho q mais velhos)abaixaram minha calcinha na frente de todo mundo (interação sexual visual)
"Toda vez que alguém usar a criança para a realização de desejso sexuais ou desejos relacionados com identidade sexual, seja de modo abusivo ou dissimulado, será desencadeada uma dinâmica de abuso na alma daquela criança. O fato de o abuso sexual ocorrer de modo sutil não deve desviar a perspectiva de que ele continua sendo abusivo e danoso."

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Terça-Feira, 07/09/2004, 22h30
Passei o dia dormindo... foi bom descansar, agora posso ir "finalmente" ao começo do livro, pensando e escrevendo todos os sentimentos que tiver!!!
"Abuso sexual é um assunto difícil. Muito mais que outros, este tema causa um sentimento de vergonha horrível e desconfortável, tanto no conselheiro quanto na vítima. Para as vítimas é realmente muito fácil negar o passado, ignorando as lembranças, a dor e o sofrimento atual que possam estar relacionados ao abuso"
=> Difícil mesmo esse assunto... não consigo descrever a vergonha que senti enquanto contava pra Sandra, nem o meu desconforto de olhar pra ela e lembrar que 'ela sabe do meu segredo'. Mas, ao mesmo tempo, depois veio um sentimento de alívio também indescritível !!!
"Porque se importar se ele já aprendeu a conviver tão brm com seu problema? O caminho fácil da negação silenciosa que transforma alguém num ser servil e vazio, ainda que com aparência feliz, será substituído pelo tumulto, medo, confusão, angústia e mudança. A batalha exterior é difícil porque os outros preferem que aquela doce mulher continue simpática e sorridente..."
=> Eu entendo o que é isso. As pessoas não aceitam que vc fique triste, contrito... como foi comigo no ano passado. Eu não sou mais a mesma pessoa, e tipo... minha amiga tem razão qdo reclama que não sou mais a mesma. Acontece que agora eu sou eu mesma, sem medo do que vão pensar... agora consigo sentir um pouco mais do que sentia antes... é bem difícil lidar com a cobrança das pessoas depois que a gente muda.
"A razão para iniciar a batalha é um desejo por mais, um sabor do que a vida poderia ser se nos libertássemos das lembranças negativas e da vergonha profunda."
=> É isso, eu só permito que Deus mexa nessas feridas pq Ele é Santo, e eu quero viver tudo aquilo que Ele tem pra mim, eu quero ser livre!!!
"Viver abaixo do padrão para o qual alguém foi feito é trair a alma de modo tão grave quanto aquilo que foi feito pelo abuso. Deus nos criou com um desejo natural de sermos como Ele é: vivos, justos, puros, motivados, prontos para amar. Cumprir aquilo para o que Deus nos criou é a razão da escolha.
=> Quero deixar claro que eu não me sinto corajosa o suficiente para encarar essa batalha, para lidar com essas feridas. Estou desde o começo agindo por fé. Foi pela fé que contei pra Sandra, é pela fé que estou lendo de novo esse livro e fazendo esse diário... pela fé de que o melhor, a abundância de vida pra mim ainda está reservada, e eu quero estar no centro da vontade de Deus, livre de todo pecado, de todo medo, de toda vergonha, de toda culpa... eu quero mais de Deus!!!

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Segunda-Feira, 06/09/2004, 22h
Hoje eu passei o dia com uma amiga, foi bem legal. Falei um pouco do que Deus tem feito, tem transformado em mim. Mas não tive coragem de contar da questão do abuso, falei apenas das "decisões" que tomei qdo criança e que até hj me afetam. Até tive vontade de poder falar, mas não quero mais ninguém sabendo de tudo... Bom, voltemos ao livro!!!
O QUE SÃO LEMBRANÇAS?
COMO DEVO ENCARAR MINHAS RECORDAÇÕES DO PASSADO?
"Nossas lembranças passam a ser importantes qdo permitem uma compreensão repentina e intuitiva do nosso presente. Elas nos ajudam a perceber como temos desenvolvido nossos padrões de afastamento de Deus, e a compreender porque escolhemos não confiar em Deus"
"Supressão é a recusa consciente de encarar o que é verdadeiro. Nós realmente esquecemos (muitas vezes de lembranças trágicas e traumáticas) como uma estratégia para esconder a verdade atrás da injustiça."
"O processo de 'bloquear lembranças' surge a partir da confusão, da vergonha e da tristeza. O que causa o bloqueio é algo maior que a dor, é a sensação de vermos o mundo desmoronar sem a ajuda de que gostaríamos."
"Creio que a supressão consciente pode se transformar numa distorção e até numa ilusão que bloqueia completamente as lembranças do passado. Assim, nunca somo chamados primeiro a nos lembrar de coisas passadas, mas a entendermos em que momento demos lugar à idolatria (a crer em outra coisa q não Deus). Lembranças são informações que nos ajudam a ver mais claramente a energia que alimentou nossa idolatria e como temos expressado esta idolatria em nosso relacionamento com Deus e com os outros."
=> Sobre lembranças, só tenho a dizer que sempre me lembrei do ocorrido, apenas não dava importância; tb me pergunto se aconteceu algo mais do que eu me lembro... para isso peço a revelação de Deus sobre tudo o que está escondido dentro de mim!!!
"De acordo com a intendidade com que lutamos com o presente, assumindo a responsabilidade da idolatria expressa na autoglorificação e na autoproteção, o que precisamos saber sobre o passado irá se tornando claro a cada dia. Neste sentido, o passado é servo do presente. Mudar no presente abre caminho para qualquer coisa que Deus queira que saibamos sobre o passado."
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. Salmo 139:23-24

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QUAL É O PROBLEMA? O QUE O TRAUMA FAZ AO CORAÇÃO?
"De maneira simplista, o abuso cria o ambiente propício que tenta nos convencer que Deus não é bom. A vítima pode determinar que Deus é alguém que estava olhando para o outro lado qdo 'seu primo' a molestava. Conclusão: confiar é bobagem, portanto, sou compelido a viver minha vida independente da vontade de Deus."
=> É simplesmente lindo nesse momento lembrar do que aconteceu no domingo... Deus começou a me curar qdo me permitiu 'ver' nomomento da molestação a figura de Jesus me olhando, compadecido, sofrendo pela minha dor.
"Uma nova ofensa apenas intensifica a decisão de se refugiar em suas próprias fontes de força e defesa. A consequência é perda e tristeza, e pior, afastam seus corações do anseio pela glória de Deus."
=> Cada vez que me refugio em minhas fontes, afasto do meu coração o desejo pela glória de Deus!!!
"Essa falta de paixão por Deus pode não ser óbvia. Podem até mesmo desejar desesperadamente crer num Deus que pe digno de confiança. Mas até que eles confrontem as escolhas que fizeram em função de seu abuso, nada vai levá-los a uma genuína paixão pelo Deus verdadeiro. Sua paixão será por um deus distorcido, que é apenas um ídolo criado pela sua própria imaginação. Acontece que, se falhamos em confiar em Deus, essa confiança será desviada para outra coisa, que acaba se tornando o nosso deus."
=> Quais são as escolhas que fiz, e como confrontá-las? Minha paixão tem sido pelo Deus verdadeiro? Será que eu tenho uma imagem distorcida de Deus?
"O problema, então, não é o abuso em si, mas a energia pecaminosa que confia naquilo que não é confiável, presente em seu coração. O principal inimigo da vítima do abuso é o pecado: a recusa em confiar em Deus, com quem está magoada. O Espírito Santo está trabalhando em seu coração para revelar a verdadeira natureza de Deus e confrontá-la com seu medo e desconfiança, mas esse trabalho precisa da cooperação da pessoa."
=> Pai, eu quero cooperar contigo!!!
"A dor do abuso não é o principal problema a ser resolvido. A doença é o pecado, problema principal, alimentado por lembranças ou histórias que expõem a luta de nosso coração contra Deus."
"A decisão de encarar nossas lembranças e lamentar nosso sofrimento não é apenas um tipo de catarse. O objetivo é expor nossa visão distorcida de Deus, encontrar as raízes de nossa descrença dele e eliminar o poder que nosso sofrimento tem de nos levar a fazer escolhas erradas."
"A escolha por não obedecer a Deus é rebelião, mas não adianta exortar a vítima sobre o seu pecado. Ela deveria fazer de tudo para crer em um Deus bondoso, mas suas escolhas feitas já na infância impedem que ela veja Deus pelo prisma correto. Estas lembranças vão impedí-la de, mesmo adulta, decidir-se por confiar em Deus, até que encare as escolhas e razões que a conduziram a tomar tais decisões."
=> Certo, estou disposta a encarar isso e expor minha visão distorcida de Deus. Talvez eu tenha mesmo dificuldade em confiar em Deus inteiramente...

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